Perfil do consumidor e fatores que influenciam o consumo de carne ovina no município de Vargem Alta - ES
Resumo
A cultura de criar ovinos surgiu por volta do ano 9.000 a.C., na Ásia Central, e depois se difundiu por todo o mundo, estando presente nas mais diversas condições de clima e relevo. No Brasil, a produção se concentra na região Nordeste e Sul, e conta com um efetivo de aproximadamente 14 milhões de cabeças. O estado do Espírito Santo colabora com cerca de 30 mil animais. Apesar de a ovinocultura ser uma importante atividade do agronegócio brasileiro, esta tende a ser informal, e essa informalidade faz com que se torne difícil estimar o consumo individual de carne ovina, que gira em torno de 0,7 a 1,5 kg por ano. Então, mesmo a atividade sendo promissora, ainda esbarra nos quesitos hábito alimentar, tradições culinárias, educação no gosto do consumidor, além de fatores pessoais. Sabendo que há produtores na região, pois é um local com potencial para criação de ovinos, o objetivo do presente estudo foi avaliar o perfil do consumidor de carne ovina no município de Vargem Alta, a fim de entender melhor suas exigências e hábitos de compra. Foram entrevistadas 112 pessoas por meio de formulário online desenvolvido pelo “Google Forms”, elaborado com 18 questões englobando o consumo de carne ovina e informações sobre o perfil do respondente. Sobre o nível de escolaridade, a maior parte dos entrevistados concluiu o ensino médio (28,6%), logo em seguida os que apresentam nível de escolaridade com pós-graduação, correspondendo a 25,9% e uma menor parcela com ensino fundamental completo (4,5%). Em relação à renda mensal, 69,6% possuem mais de um salário-mínimo. Quando interrogados sobre a frequência de consumo de carne ovina, 66,1% responderam que consomem raramente, 20,2% nunca consumiram, 7,3% consomem semanalmente e 6,4% quinzenalmente. Mesmo sendo a minoria (22,3%), aqueles que nunca consumiram a carne ovina alegaram que o motivo do não consumo é devido ao hábito alimentar (43,6%), e por falta de disponibilidade do produto (23,1%). O principal local de compra apontado pelos respondentes foi direto do produtor (51,1%), seguido por frigoríficos/açougue (18,1%), e 40% responderam escolher o produto de acordo com a qualidade e 26,3% pela procedência. Em relação aos cortes de carne, 56% não tem preferência pelo tipo de corte, 27,6% preferem pernil (corte traseiro), seguido do corte dianteiro (paleta) com 9,2%, 3,1% preferem costela e 4,1% preferem lombo. Ao avaliar a idade do animal, com relação à sua maturidade, observou-se que 39,6% preferem carne de animais jovens. O abate clandestino é uma problemática, tanto para a comercialização quanto qualidade da carne, visto que 51% ainda compram direto do produtor. Assim, conclui-se que mesmo o consumo de carne ovina ser pouco expressivo no município de Vargem Alta, existe um mercado em potencial e que políticas devem ser adotadas para que as partes de abate e inspeção sejam melhoradas. Estudos como esse são de suma importância para toda a cadeia produtiva, para que ocorram melhorias na qualidade dos produtos que chegam até o consumidor, fazendo com que a demanda e exigências sejam atendidas e consequentemente fortalecendo o mercado da ovinocultura.