COMPOSIÇÃO DA FAUNA DE PEQUENOS MAMÍFEROS NÃO VOADORES AO LONGO DO GRADIENTE ALTITUDINAL NA MATA ATLÂNTICA DO ESPÍRITO SANTO
Resumo
A altitude, associada a outros fatores como temperatura e precipitação, é comumente citada como determinante na diversidade de espécies e, apesar da diversidade diminuir em altitudes mais elevadas, em ambientes montanhosos a taxa de espécies endêmicas é geralmente alta. Os relevos do estado do Espírito Santo, bem como os remanescentes florestais da Mata Atlântica, são propícios para o estudo da composição de fauna e flora ao longo do gradiente de altitude. Marsupiais e Roedores são ótimos modelos para testar os padrões de diversidade, pois em comunidades naturais atuam em diferentes níveis tróficos e ainda são excelentes predadores e dispersores de sementes. Nosso objetivo foi verificar a influência do gradiente de altitude na composição e estrutura da comunidade de pequenos mamíferos não voadores na Mata Atlântica do Espírito Santo. O estudo foi realizado em 12 áreas localizadas no estado do Espírito Santo ao longo do gradiente altitudinal: Reserva Biológica Duas Bocas, Parque Estadual de Itaúnas, Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, Área de Proteção Ambiental de Setiba, Área de Proteção Ambiental de Goiapaba-Açu, Parque Nacional de Caparaó/PNC, Parque Estadual Forno Grande, Parque Estadual Pedra Azul, Parque Estadual Mata das Flores, Reserva Particular do Patrimônio Natural Águia Branca, Fragmento localizado em Viana e Fragmento localizado em Santa Leopoldina. Em cada área foram instaladas 6 estações de captura, exceto no PNC em que foram 12, com armadilhas do tipo Sherman e Tomahawk. Registramos 36 espécies da ordem Rodentia e 8 da Didelphimorphia, totalizando 44 espécies. O Escalonamento Multidimensional Não Métrico (NMDS) mostrou que a altitude é um elemento estruturante da comunidade de pequenos mamíferos não voadores. A Regressão Linear Simples demonstrou que riqueza (p= 0,03) e abundância (p= 0,04) são maiores em altitudes entre 1000 e 1500 metros. Através da regressão múltipla (p= 0,03), foi encontrado um efeito significativo entre a riqueza e abundância com a precipitação acumulada e com a temperatura média. Dentre as espécies registradas, 22,72% e 18% eram espécies endêmicas de didelfídeos e roedores, respectivamente. Encontramos uma elevada riqueza de pequenos mamíferos, provavelmente pela variedade de áreas de estudos localizadas em latitudes e em níveis de altitude diferentes. A variável altitude é ampla e pode estar exercendo influência ou pode estar sendo influenciada por outras variáveis não analisadas por este estudo, como a vegetação. Nossos resultados sugerem que a altitude influencia na comunidade de pequenos mamíferos, porém são necessários mais estudos que analisem outros fatores como vegetação e clima.
Palavras-chave: Comunidades. Mastofauna. Altitude. Endemismo.