PRIMEIRO REGISTRO DE Utricularia reniformis A.St.-Hil. NA PORÇÃO CAPIXABA DO PARQUE NACIONAL DO CAPARAÓ

Autores

  • Renan Gomês Macedo Centro Universitário Salesiano - UniSales
  • Hilton Entringer Júnior Universidade Vila Velha - UVV

Resumo

O gênero Utricularia L. (Lentibulariaceae) apresenta grande riqueza de espécies e elevada variação morfológica. Uma característica comum do gênero é a presença de utrículos utilizados para a captura e digestão de pequenos organismos. Essa adaptação peculiar, associada ao uso da água para captura de presas, possibilitou a ocupação de micro-habitats inóspitos e pobres em nutrientes. A espécie Utricularia reniformis A.St.-Hil é endêmica da Floresta Atlântica, ocorrendo nas regiões sul e sudeste do Brasil. Essa planta pode ser terrícola, estabelecendo-se em solos úmidos, como os associados a ambientes brejosos ou rochosos, mas também pode ser epífita ou aquática. A espécie ocupa faixas altitudinais variadas, entretanto é considerada mais comum em altitudes superiores a 750 m. O grupo ao qual a U. reniformis pertence ainda não foi avaliado no Espírito Santo (ES) e novos registros podem ser importantes para a conservação da espécie. Este estudo apresenta o primeiro registro de U. reniformis na porção capixaba do Parque Nacional do Caparaó (PNC). O PNC está localizado entre o estado do ES e de Minas Gerais, sendo uma importante área de Floresta Atlântica de altitude e o maior remanescente deste tipo no ES. O registro ocasional foi realizado em abril de 2016 durante transecções lineares realizadas ao longo das trilhas e estradas no interior do PNC. O espécime foi fotografado e seu habitat foi descrito, incluindo localização e altitude, obtidos com auxílio de GPS. Posteriormente, o espécime foi identificado com base em bibliografia especializada. O registro foi realizado na porção norte do PNC, município de Iúna, a aproximadamente 1300 m de altitude. O exemplar estava florido e ocupava o fitotelma de uma bromélia (Vriesea sp.) localizada em uma encosta rochosa, próximo a um curso d’água. Este representa o terceiro registro realizado no ES, sendo os dois primeiros também inseridos em áreas preservadas e/ou protegidas (Pedra do Cabrito - Cachoeiro de Itapemirim, a ~58 km do presente registro; Parque Estadual do Forno Grande - Castelo, a ~76 km), o que ressalta a importância dessas áreas para a conservação da espécie, visto que o desmatamento se mantém crescente em áreas não protegidas da Floresta Atlântica. Uma vez que os registros da espécie são frequentes em altitudes elevadas e muitos deles estão associados a bromélias, considera-se que esses micro-habitats são de grande importância para manutenção de U. reniformes e que a conservação da espécie como um todo possa depender, pelo menos em parte, da manutenção desses ambientes.

Palavras-chave: Distribuição geográfica. Fitotelmata. Mata Atlântica de altitude. Micro-habitat.

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Publicado

15-04-2021