COMPARAÇÃO DA RIQUEZA DE GALHAS ENTOMÓGENAS EM DUAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA SERRA DO MENDANHA (RIO DE JANEIRO - RJ)

Autores

  • Alene Ramos Rodrigues Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
  • Sharlene Ascendino Horacio da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
  • Valéria Cid Maia Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Resumo

A Serra do Mendanha é um remanescente da Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos do mundo. Galhas entomógenas são modificações anormais do tecido da planta induzidas por insetos. Dentre esses, seis ordens incluem indutores de galhas: Coleoptera, Lepidoptera, Hemiptera, Hymenoptera, Thysanoptera e Diptera, sendo Cecidomyiidae (Diptera) a principal família galhadora.  Este trabalho objetiva registrar a ocorrência de galhas entomógenas em duas Unidades de Conservação (UC) na Serra do Mendanha, Rio de Janeiro, RJ – Área de Proteção Ambiental de Gericinó-Mendanha (AGM) e Reserva Particular do Patrimônio Natural Bicho-Preguiça (RBP) – e comparar a riqueza dos morfotipos de galhas entre elas. Foram realizadas três visitas nas localidades, em outubro e novembro/2019 e agosto/2020. Os morfotipos de galhas encontrados e suas plantas hospedeiras foram fotografados e identificados em campo, utilizando literatura. Na Serra do Mendanha, foram encontrados um total de 81 morfotipos de galhas em 52 espécies vegetais de 17 famílias botânicas, sendo que 17 plantas não foram determinadas. Dentre os galhadores, foram identificados: Cecidomyiidae (Diptera) (n=36 morfotipos), Agromyzidae (Diptera) (n=2), Curculionidae (Coleoptera), Hemiptera e Thysanoptera (n=1 cada), em 40 morfotipos de galhas não foi possível determinar o indutor. Na RBP, foram encontrados 50 morfotipos de galhas em 37 espécies de plantas hospedeiras de 13 famílias vegetais, 16 indeterminadas. Enquanto na AGM, foram encontrados 37 morfotipos de galhas em 21 espécies hospedeiras de 12 famílias botânicas, dentre essas, duas plantas indeterminadas. As UCs mostram um baixo índice de similaridade de Sohrensen (0,16), com apenas seis morfotipos em comum: cônica foliar em Mikania glomerata (Asteraceae) induzida por Liodiplosis cylindrica (Diptera, Cecidomyiidae); em fruto de Gymnanthes gaudichaudii (Euphorbiaceae) induzida por Cecidomyiidae (Diptera); lenticular foliar em Machaerium sp. (Fabaceae) com galhador indeterminado; fusiforme e lenticular em folhas de Paullinia cfr weinmanniifolia (Sapindaceae), a primeira induzida por Melanagromyza sp. (Diptera, Agromyzidae) e a outra com galhador indeterminado; e globoide foliar induzida por Cecidomyiidae (Diptera) em um hospedeiro indeterminado. Além das cinco plantas citadas, Fridericia conjugata (Bignoniaceae) foi encontrada em ambas as UC com galhas, mas com morfotipos diferentes. A RBP apresentou maior riqueza de morfotipos de galhas e espécies vegetais hospedeiras, o que pode sugerir ser uma área mais conservada e com menor interferência humana, enquanto as áreas investigadas da AGM são ambientes de borda, situados nos limites de sua área e, portanto, provavelmente mais expostos à presença antrópica. No entanto, ambas UCs são importantes para a conservação da biodiversidade, porque protegem assembleias distintas de galhadores.

Palavras-chave: Interação inseto x planta. Zoocecídias. Inseto galhador. Mata Atlântica.

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Publicado

15-04-2021