DISTRIBUIÇÃO ALTITUDINAL DO GRUPO Callicebus personatus (PRIMATES: PITHECIIDAE)

Autores

  • Hilton Entringer Júnior Universidade Vila Velha - UVV
  • Renan Gomês Macedo Centro Universitário Salesiano - UniSales
  • Ana Carolina Srbek-Araujo Universidade Vila Velha - UVV

Resumo

Primatas congêneres apresentam elevado potencial competitivo e geralmente não são simpátricos, embora sua ocorrência possa ser sobreposta nas bordas de distribuição. De forma geral, as espécies ocupam o espaço de forma heterogênea em resposta às características ambientais e interações com outras espécies. A altitude, especificamente, influencia os fatores meteorológicos e a vegetação, promovendo diferenças na composição das comunidades. Dentre os primatas neotropicais, o grupo Callicebus personatus encontra-se representado por cinco espécies (C. coimbrai: Sergipe e nordeste da Bahia; C. barbarabrownae: porção central da Bahia; C. melanochir: centro-sul da Bahia até o extremo norte do Espírito Santo; C. personatus: sul da Bahia até o norte do Rio de Janeiro e leste de Minas Gerais; e C. nigrifrons: centro sul de Minas Gerais até São Paulo), todas distribuídas na porção leste do Brasil. Visto que a distribuição geográfica desses primatas está bem definida, o estudo objetivou caracterizar a distribuição altitudinal das espécies citadas. Foram considerados dados de ocorrência disponíveis no data paper “Atlantic-Primates: a dataset of communities and occurrences of primates in the Atlantic Forests of South America”. A partir desse banco de dados, foi calculada a média e a amplitude altitudinal (AA=diferença entre valores de maior e menor altitude) para cada espécie. Em seguida, foi estimado o valor de elevação máxima do terreno (EMT) contido dentro dos limites de distribuição geográfica de cada espécie (dados disponibilizados pelo IBGE). Os valores de altitude média e AA variaram entre as espécies e de EMT variaram entre as áreas de distribuição (C. coimbrai: média=176m, AA=341m/variando entre 6 e 347m, EMT=750m; C. barbarabrownae: média=507m, AA=488m/263–751m, EMT=2.033m; C. melanochir: média=368m, AA=734m/1–735m, EMT=948m; C. personatus: média=1.183m, AA=2.364m/1–2.365m, EMT=2.891m; C. nigrifrons: média=1.360m, AA=2.225m/248–2.473m, EMT=2.790m), com grande amplitude altitudinal registrada para o grupo (AA=2.472m/1–2.473m, EMT=2.891m). Considera-se que a faixa altitudinal ocupada por cada espécie reflita a variação de altitude disponível ao longo de sua distribuição geográfica, visto que as espécies que ocupam regiões com maiores elevações apresentaram maior AA. Entretanto, nenhuma espécie alcançou o limite de altitude regional, independente da EMT. Isso pode estar relacionado ao fato das espécies de Callicebus estarem mais associadas a hábitats florestais e das cotas mais elevadas serem normalmente ocupadas por campos rupestres, não favorecendo a ocorrência do grupo. Embora o grupo C. personatus possa apresentar possíveis restrições altitudinais, sugere-se que haja tolerância às variações ambientais decorrentes da altitude, com registros distribuídos entre ambientes de baixa e alta elevação.

Palavras-chave: Ecologia espacial. Espécies aparentadas. Fatores ambientais. Variação altitudinal.

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Publicado

15-04-2021