EXTINÇÃO SILENCIOSA: PREVISÃO DO STATUS DE CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES DE TATUS DEFICIENTES DE DADOS

Autores

  • Letícia Lima de Oliveira Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
  • Edú Baptista Guerra Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

Resumo

A Ordem Cingulata é representada pelos tatus, apresenta 21 espécies viventes e distribuição restrita à região Neotropical. Pouco se sabe sobre o status de conservação da maioria das espécies dessa Ordem, de forma que 1/3 delas são classificadas como Deficiente de Dados (DD) segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). O objetivo deste trabalho foi inferir o status de conservação de espécies classificadas como DD a partir da relação entre tamanho corporal e distribuição geográfica na ordem Cingulata. Para cada espécie, foram obtidos dados de média de tamanho corporal (em massa) a partir da base de dados Phylacine 1.2 e dados de extensão de ocorrência (Km²) na IUCN, que abrange a extensão máxima da distribuição das espécies incluindo todos os pontos conhecidos. Os dados foram log-transformados e a relação foi testada usando regressão linear simples. Foi encontrada uma relação positiva (R²= 0.205; p < 0.04) entre tamanho corporal e distribuição geográfica. Estudos prévios mostram que essas duas variáveis em conjunto são mais eficientes para avaliar o status de conservação de uma espécie, do que cada uma sozinha. Essas variáveis tendem a apresentar uma relação triangular (envelope de restrição), onde espécies com tamanho corporal maior tendem a ocupar grandes extensões de ocorrência, enquanto espécies menores podem ocupar diferentes extensões. O limite inferior dessa relação representa o tamanho mínimo de distribuição geográfica que uma espécie de um dado tamanho corporal pode ter, sendo que espécies próximas a esse limite tendem a estar em trajetória de extinção. Espécies classificadas como Vulnerável (VU) ou Quase Ameaçada (NT) encontram-se muito próximas a linha de regressão, enquanto as espécies com status Pouco Preocupante (LC) se encontram acima e são as únicas fora do intervalo de confiança (IC) de 95%. Isso sugere que a linha de regressão pode se aproximar do que seria o limite inferior desse envelope de restrição. Dasypus mazzai e Dasypus pilosus (ambos DD) encontram-se abaixo da linha de regressão, fora do IC, indicando que possuem distribuição abaixo do limite mínimo necessário. D. mazzai ainda apresenta área de ocorrência menor que 20,000 Km², que já a caracteriza como VU segundo o critério B da IUCN. Outras espécies DD encontram-se dentro do IC, o que sugere grande possibilidade de quase ameaça, em comparação às espécies LC de tamanho semelhante. Essa abordagem macroecológica parece promissora para acessar o status de espécies DD que podem já estar em uma trajetória silenciosa de extinção.

Palavras-chave: Cingulata. Risco de extinção. Distribuição geográfica. Macroecologia. Massa corporal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

15-04-2021