INCIDÊNCIA DE ANIMAIS ATROPELADOS NA ES-124 DURANTE O ISOLAMENTO SOCIAL

Autores

  • Gabrielly Benaducci Tolentino Instituto Nacional da Mata Atlântica - INMA
  • Flavia Guimarães Chaves Instituto Nacional da Mata Atlântica - INMA
  • Edenildo do Nascimento Pereira Universidade Cesumar – UniCesumar
  • Tatiane de Mello do Carmo Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Resumo

Atropelamentos de animais são frequentemente relatados mundialmente. Entretanto, algumas regiões carecem de amostragem que investiguem os efeitos das rodovias sobre a biodiversidade. O estado do Espírito Santo tem poucos estudos publicados sobre o assunto principalmente em rodovias de menor fluxo de veículos, como é o caso de muitas rodovias estaduais. Pensando em trazer maior visibilidade à ecologia de estradas no Espírito Santo, em 2019, foi criado o Projeto Estrada Amiga da Fauna que atua na difusão de conhecimento acerca do assunto, pesquisa e coleta de dados através da ciência cidadã. Através deste projeto, realizamos algumas amostragens de fauna atropelada em rodovias do estado e durante o período de isolamento social devido à pandemia causada pelo Novo Corona Vírus (COVID-19), amostramos a ES-124 em busca de incidências de atropelamentos de fauna silvestre. A amostragem foi realizada na rodovia estadual em Aracruz, a ES-124 (Ponto inicial: 19°47’17.5”S 40°16’58.8”W; Ponto final: 19°45’58.5”S 40°17’28”W). Um trecho de 3km de extensão foi selecionado e nele, foi realizado um total de oito coletas a pé, todas nos finais de semana entre abril e agosto. Os resultados encontrados indicaram grande circulação de veículos na rodovia e um grande número de registros de atropelamentos de fauna. Foram registrados 97 indivíduos atropelados e a herpetofauna foi a classe mais atingida pelos atropelamentos. Destes, 55 eram anfíbios, dos quais poucos foram possíveis de identificar e, 31 répteis, sendo Erythrolamprus miliaris a espécie mais afetada. O alto número de atropelamentos deste grupo pode se justificar devido ao seu tamanho corporal reduzido, à presença de corpos d’água em alguns locais do entorno da rodovia e a metodologia (a pé) aplicada no levantamento. Dentre os demais grupos de vertebrados coletados atropelados, cinco foram aves, sendo Sicalis flaveola a espécie mais abundante. Também foram registrados animais de hábito carniceiro como urubu (Coragyps atratus), falcão (Milvago chimachima) e coruja (Athene cunicularia) que podem ter sido atropelados ao se alimentarem de outros animais já mortos na rodovia. Com relação aos mamíferos, seis indivíduos foram registrados, sendo três morcegos (Chiroptera) e três gambás (Didelphis aurita). A maioria das espécies encontradas são sinantrópicas. Mais estudos terão que ser feitos no propósito de se comparar os atropelamentos de animais silvestres nas diferentes épocas do ano, buscando compreender os padrões de agregações de atropelamento no trecho monitorado e para indicar medidas de mitigação que contemplem os grupos mais afetados. 

Palavras-chave: Atropelamentos. Quarentena. Mortalidade de fauna. ES-124.

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Publicado

15-04-2021