EXPLORANDO A DIVERSIDADE CARIOTÍPICA DE MARSUPIAIS (DIDELPHIDAE, DIDELPHIMORPHIA) DA FAUNA BRASILEIRA

Autores

  • Erica Elias Franco Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
  • Valéria Fagundes Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

Resumo

As 62 espécies de marsupiais encontradas no Brasil pertencem à Família Didelphidae, um grupo cujos representantes possuem cariótipos muito preservados, apresentando somente três números diplóides (2n=14, 18 ou 22). Dada a similaridade de 2n e Número Fundamental (NF) das espécies dentro de um mesmo gênero, há dificuldade na distinção das espécies pelos dados cariotípicos. Estudos envolvendo bandas e colorações diferenciais dos cromossomos mostram variações interespecíficas, como polimorfismos dos cromossomos sexuais, quantidade e disposição de heterocromatina constitutiva e nos padrões de marcações pela prata das Regiões Organizadoras de Nucléolos (Ag-RONs). Objetivando elucidar os padrões cariotípicos e revelar possíveis novos polimorfismos, realizou-se um estudo de observação da composição cariotípica. Foram levantados dados de 225 indivíduos de 25 espécies e comparados com dados da literatura. As metáfases foram analisadas após coradas com solução de Giemsa, e 128 indivíduos possuíam dados da técnica de coloração Ag-RON. Os resultados obtidos corroboram com dados da literatura da maioria das espécies. Foram encontradas novas formas de polimorfismos intraespecíficos em três espécies. Um macho de Marmosops ocellatus Tate, 1931 coletado no Parque Estadual Serra de Ricardo Franco/MT apresentou 2n=14/NF=24 com o cromossomo X submetacêntrico, sendo que outro indivíduo da espécie coletado no mesmo local apresentou cromossomo X metacêntrico (estando de acordo com o padrão do gênero), revelando polimorfismo intrapopulacional. Quatro fêmeas de Gracilinanus microtarsus Wagner, 1842 de Pancas/ES apresentaram 2n=14/NF=24 e par sexual heteromórfico (metacêntrico e submetacêntrico), enquanto uma fêmea apresentou par sexual metacêntrico, embora a forma mais comum para a espécie seja submetacêntrica. Diferenças interpopulacionais nos padrões de marcação de Ag-RONs foram encontradas em Marmosa murina  Linnaeus, 1758 (2n=14/NF=20), tendo um espécime de Cariacica/ES apresentado marcação no braço curto do par 6 (6p); espécimes de Guarapari/ES e Vitória/ES apresentaram marcações nos pares cromossômicos 3, 5 e 6, em ambos os braços (pq) ou apenas em um (p ou q), sendo este padrão também semelhante ao apresentado pelo indivíduo de Nova Viçosa/BA; espécimes de Praia Grande/SC e Porto Estrela/MT apresentaram marcações apenas nos pares 5 e 6, em ambos (pq) ou apenas em um (p ou q). Embora Didelphidae sejam um grupo com cariótipos pouco diversificados, as variações estão associadas à alterações na constituição dos cromossomos, como mudança de posição dos genes ribossomais, ou diferenças nos cromossomos sexuais, por exemplo. Esta é uma abordagem ampla que deverá ser melhor explorada em estudos futuros, com o aumento da amostra e a adição de outras técnicas de coloração.

Palavras-chave: Ag-RON. Cariótipo. Didelphidae. Polimorfismos. Variação cariotípica.

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Publicado

15-04-2021