VARIÁVEIS QUANTITATIVAS DO BÁCULO: DISTINÇÃO DE DUAS ESPÉCIES CRÍPTICAS DE ROEDORES NEOTROPICAIS (RODENTIA: SIGMODONTINAE)
Resumo
Em estudos de taxonomia de roedores, a morfologia do báculo tem sido utilizada como importante fonte de dados, contribuindo para o entendimento da diversificação das espécies. No gênero Akodon (Meyen, 1833), amplamente distribuído pela América do Sul, as espécies crípticas Akodon cursor (Winger, 1887) e Akodon montensis (Thomas, 1913) possuem poucas características morfológicas que as diferenciam. Essas espécies formam híbridos naturais e em cativeiro, também indistintos das espécies parentais. Os cariótipos, porém, diferenciam facilmente cada uma das formas. Nesse estudo, buscamos verificar se variáveis quantitativas do báculo podem ser utilizadas na distinção das duas espécies e seus híbridos. Foram utilizados 36 falos de A. cursor, 22 de A. montensis e 15 de híbridos, totalizando 73 amostras. Os falos foram diafanizados em KOH 0,1% por 24 horas. Posteriormente, a parte óssea foi corada com Alizarin red e a parte cartilaginosa foi corada com Alcian Blue. Os báculos já corados foram fotografados em um estereomicroscópio GT-Vision. Foram tomadas medidas com o software TPSdig dos seguintes caracteres: Comprimento do báculo proximal, Largura da base do báculo proximal, Comprimento do dígito central do tridente, Comprimento do dígito lateral do tridente e Largura do tridente. Para as comparações entre os grupos foram realizadas análises de função discriminante (LDA) e One-Way ANOVA com o pós-teste de Tukey. Na análise discriminante, 66,7% dos casos foram classificados corretamente e, em 91,1% da variação, as variáveis mais relevantes foram Largura da base do báculo proximal, Comprimento do dígito central do tridente e Largura do tridente. A análise One-Way ANOVA demonstrou que há diferença significativa (p<0,05) para todas as variáveis entre os três grupos. O pós-teste demonstrou que há sempre diferença significativa entre A. cursor e A. montensis para todas as variáveis. Porém, A. cursor não possui diferença significativa (p>0,05) quando comparado aos híbridos, enquanto A. montensis apresentou diferenças significativas quando comparado aos outros dois grupos. Nossos dados permitem concluir que caracteres quantitativos do báculo são boas ferramentas de distinção entre as duas espécies.
Palavras-chave: Báculo. Espécies Crípticas. Morfometria. Variabilidade.