EXPRESSÃO DIFERENCIAL DE CA2+-ATPASE SERCA EM TUMORES ASSOCIADOS À INFECÇÃO PELO HPV

Autores

  • Glenerson Baptista Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF
  • Juliana Couto Viera Carvalho dos Santos Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF
  • Frederico Firme Figueira Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF
  • Anna Okorokova Façanha Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF
  • Arnoldo Rocha Façanha Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF

Resumo

Estima-se que por ano cerca de 34.800 dos casos de câncer sejam associados a infecção persistente por HPV de alto risco. Um dos principais mecanismos pelo qual o HPV induz transformação celular é através das oncoproteínas virais, como a E6 que degrada a proteína supressora tumoral, p53. No núcleo, essa proteína está envolvida principalmente na parada do ciclo celular e morte celular programada. No citoplasma, onde sua atuação é menos conhecida, p53 interage com a Ca2+-ATPase de retículo endoplasmático (SERCA). Em células normais, sob estresse, p53 interage com a SERCA, promovendo ativação desta bomba e aumentando a translocação de Ca2+ do citoplasma para o retículo endoplasmático. O aumento de Ca2+ no retículo induz o fluxo desse íon do retículo para a mitocôndria, culminando em morte celular por apoptose. Contudo, a proteína p53 é o supressor tumoral mais frequentemente mutado em tumores humanos, sendo este um dos mecanismos que confere resistência à morte em células tumorais. Em geral, tumores HPV positivos, embora possam apresentar degradação de p53 pela proteína viral E6, não carregam mutações nesse gene e apresentam um melhor prognóstico da doença. Neste estudo buscamos comparar a expressão dos genes SERCA em tumores associados ao HPV e tumores carregando mutação em TP53. Análises por microscopia confocal foram realizadas para avaliar a marcação de SERCA (BODIPY-tapsigarsina) em uma linhagem celular termo-sensível para mutação de TP53 (selvagem – células cultivadas a 32°C; mutado – células cultivadas a 37°C). Além disso, foram usados dados genômicos e clínicos do TCGA para tumores de orofaringe, tonsila e base de língua (que incluem tanto tumores associado ao HPV quanto tumores associados a mutação em TP53) comparando a expressão de mRNA dos três genes SERCA (ATP2A1, ATP2A2 e ATP2A3). TP53 e ATP2A3 apresentaram significante correlação de expressão (Spearman: 0,52; p=1.008e-5), sendo ambos os genes mais expressos nos tumores HPV positivos (p=1.981e-6). Como observado para TP53, tumores com maior expressão de ATP2A3 apresentaram tendência a um melhor prognóstico da doença. Células selvagens para TP53 apresentaram uma marcação dispersa de SERCA enquanto que células carregando mutação em TP53 exibiram maior intensidade de SERCA próximo ao núcleo. Os dados revelam uma relação inédita entre a expressão diferencial de isoformas de SERCA com alterações em p53, e sugerem a existência de padrões de co-expressão associados com a infecção por HPV como parte do mecanismo molecular da oncogênese viral e como possíveis biomarcadores dos pacientes acometidos com este tipo de câncer. 

Palavras-chave: Ca2+-ATPase. SERCA. TP53. HPV. Apoptose.

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Publicado

15-04-2021