MAMÍFEROS DA MATA ATLÂNTICA ORIENTAL DESCRITOS POR NATURALISTAS, VIAJANTES E AVENTUREIROS ENTRE OS SÉCULOS XVI E XIX

Autores

  • Danielle de Oliveira Moreira Instituto Nacional da Mata Atlântica - INMA
  • Cristina Jaques da Cunha Instituto Nacional da Mata Atlântica - INMA
  • Thiago da Silva Soares Prefeitura Municipal de Cariacica

Resumo

Entre os séculos XVI e XIX, o Brasil recebeu viajantes e naturalistas europeus que testemunharam e descreveram a fauna de mamíferos e permitiram a produção de muitas informações zoológicas. Este estudo buscou avaliar a evolução do conhecimento científico por meio das descrições de mamíferos, acima de 1 kg, em livros, textos e diários de viajantes que passaram pela Mata Atlântica Oriental (do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro) entre os séculos XVI e XIX. Pesquisamos 17 obras clássicas conhecidas de 13 autores e, por simples leitura, identificamos os mamíferos citados, o quanto cada autor contribuiu com a descrição de novos táxons e algumas peculiaridades nas descrições (características morfológicas ou mitos relacionados aos mamíferos). Dentre os livros e títulos analisados, que vão de André Thevet (1557) a Johann Spix & Carl Martius (1823-1831), reconhecemos, pelo menos, 41 táxons mencionados pelos viajantes e naturalistas. Os relatos variaram de simples menções, ou a presença de uma espécie em uma localidade, até longas descrições do mamífero, seu comportamento e alguns ensaios ecológicos. A anta (Tapirus terrestris), seguida dos tatus em geral (Cabassous sp., Dasypus sp. e Priodontes maximus), foram as espécies mais mencionadas, aparecendo 11 e 10 vezes, respectivamente. A onça-pintada (Panthera onca), o guariba (Alouatta guariba) e a cutia (Dasyprocta sp.) foram mencionados entre nove e 10 obras. Dentre os autores que mais contribuíram, estão o príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied (século XIX), relatando 30 táxons, seguido por Gabriel Soares de Sousa (século XVI; 23 táxons), Fernão Cardim (século XVI; 22 táxons) e Ambrósio Fernandes Brandão (século XVII; 22 mamíferos). Entretanto, em relação às espécies citadas pela primeira vez em um documento histórico, os que mais contribuíram foram André Thevet e Fernão Cardim, relatando, respectivamente, oito e sete espécies. Ao final do século XVI, pelo menos 34 mamíferos diferentes já eram conhecidos. No século XVII, mais quatro táxons foram divulgados, e no século XIX somente três mamíferos apareceram nos textos históricos investigados para a Mata Atlântica Oriental. Descobrimos que muitas das descrições feitas entre os séculos XVI e XVII eram repetitivas, às vezes copiadas de outros autores. O século XIX contribuiu com descrições de mamíferos e sua biologia de maneira mais sistemática, principalmente, em relação às descrições taxonômicas. Esta pesquisa histórica resgatou informações sobre a identidade de mamíferos e a contribuição de viajantes e naturalistas, recuperando a evolução do conhecimento científico.

Palavras-chave: Brasil colônia. História da Zoologia. Relatos de viajantes. Mastozoologia. Naturalistas. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

15-04-2021