SANTA TERESA: UM POLO DE PESQUISA PARA A MASTOFAUNA NA MATA ATLÂNTICA

Autores

  • Gabriel Cordeiro Soneghet Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
  • Danielle Oliveira Moreira Instituto Nacional da Mata Atlântica - INMA
  • Victor Vale Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
  • Joana Zorzal Nodari Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

Resumo

Apesar de mamíferos serem um dos grupos de organismos mais estudados, existem poucas regiões neotropicais devidamente inventariadas. No Brasil, esse padrão é evidente, apresentando grandes lacunas espaciais e temporais e poucas áreas bem amostradas. Uma dessas regiões é o município de Santa Teresa, no Espírito Santo, com 32% de Mata Atlântica restante e três áreas protegidas. O município é destaque em estudos da mastofauna devido à presença do Museu de Biologia Professor Mello Leitão (MBML), criado em 1949 e atualmente incorporado ao Instituto Nacional da Mata Atlântica. No entanto, Santa Teresa ainda não possui uma lista completa de espécies. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi levantar informações sobre o atual conhecimento dos mamíferos do município de Santa Teresa, destacando-se a sua potencialidade para a conservação. Utilizamos dados de coleções científicas e de literatura para avaliar padrões e tendências dos registros de mamíferos no município. Os dados foram organizados de acordo com a ordem taxonômica, espécie, primeiro e últimos anos de coleta, tipo de fonte e, ainda, informações sobre endemismo para a Mata Atlântica e situação de ameaça para o Espírito Santo. No total foram levantados 3015 registros, sendo 1585 de literatura e 1430 de coleções científicas. Destas, o MBML e a Coleção de Mamíferos da UFES são as mais expressivas, com aproximadamente 66% e 31% dos registros, respectivamente. Foram identificadas 123 espécies de mamíferos silvestres e 3 espécies exóticas, em nove ordens, sendo Chiroptera e Rodentia as mais representativas. Essa riqueza corresponde a 16% da diversidade dos mamíferos brasileiros, podendo ser maior, uma vez que a curva de acumulação de espécies não atingiu a assíntota. Aproximadamente 21% das espécies são endêmicas da Mata Atlântica, com destaque para Primates e 15%  das espécies estão ameaçadas em nível estadual. Os primeiros registros foram realizados em 1905 e, a partir de 1989 a quantidade de espécies registradas dobrou, devido principalmente a maior periodicidade das amostragens. Sendo assim, destacamos a importância de Santa Teresa para o conhecimento da mastofauna e para tomada de decisões a respeito da conservação desse grupo, exaltando como um polo de pesquisa. Entretanto, ainda existem lacunas explicitando a necessidade de levantamentos novos e constantes. Por fim, para implementar políticas de conservação, sugerimos que pesquisas adicionais para ordens e tópicos negligenciados sejam encorajadas e compartilhadas para impulsionar o conhecimento da diversidade de mamíferos da região, por meio de novas expedições científicas, preenchendo, assim as lacunas de conhecimento apontadas. 

Palavras-chave: Lacuna de conhecimento. Lista de espécies. Mata Atlântica. Mammalia.

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Publicado

15-04-2021