VANTAGENS DO USO DE ARMADILHAS FOTOGRÁFICAS PARA ESTUDOS COM FAUNA SILVESTRE
Resumo
Armadilhas fotográficas (AF) geram informações (fotografias e vídeos) de animais, solitários ou sociais, da mesma espécie ou de espécies diferentes e com distintas características ecológicas. Seu uso vem se tornando uma ferramenta eficaz em pesquisas de ecologia e conservação da fauna silvestre, fornecendo aos pesquisadores uma fonte de dados confiável e não invasiva. Por não exigir a presença do observador a todo momento, reduz significativamente o estresse causado aos animais. Embora sua utilização inicial tenha sido para o levantamento e monitoramento de fauna, grandes esforços amostrais fornecem um conjunto enorme de informações que podem ser utilizadas em diferentes estudos. O objetivo deste trabalho é demonstrar as vantagens do armadilhamento fotográfico em diferentes campos de estudos biológicos, especialmente quando as espécies focais são grandes vertebrados. Para isso, utilizamos nossos dados de monitoramentos com armadilhas fotográficas, realizados dentro do âmbito do Programa Pró-Tapir - Monitoramento e Proteção dos Ungulados na Mata Atlântica, no norte do Espírito Santo. Nosso projeto tem como foco principal coletar dados de anta, cateto, queixada e veados. Por serem de grande porte, com grandes requerimentos ecológicos, são consideradas espécies guarda-chuva e, por isso, também foi possível coletar dados de diferentes grupos faunísticos como mamíferos de pequeno e médio porte (xenartras, carnívoros, marsupiais, roedores e morcegos), aves e répteis. Deste modo, geramos dados ecológicos relevantes que foram publicados ou estão sendo utilizados em diversos estudos, cujos objetivos eram outros: de ecologia e conservação, como o uso e ocupação do habitat por determinadas espécies, bem como a influência da presença de cães e caçadores; taxonômicos e de distribuição geográfica, como a nova ocorrência de Mazama nemorivaga na região, espécie reconhecidamente amazônica; e interações interespecíficas entre frugívoros e plantas, morcegos e antas e, ainda, a relação entre cutias e besouros escarabeíneos. Foram registrados, ainda, comportamentos raros, como o uso de latrinas pelas antas. Dentre as aves, registramos especialmente, tinamídeos e cracídeos, que são raros e/ou ameaçados de extinção. Estudos não invasivos diminuem os riscos da interferência humana sobre as espécies, permitindo melhores resultados para a coleta de determinados dados biológicos. Assim, fica evidente a importância da utilização das armadilhas fotográficas no estudo da fauna silvestre, seja como aliada ou ferramenta principal, destacando as diferentes possibilidades de estudos realizados com o mesmo esforço amostral, minimizando custos de pessoal e logístico, e contribuindo para ações de conservação.
Palavras-chave: Mata Atlântica. Fauna silvestre. Métodos não invasivos.