LEVANTAMENTO DA MASTOFAUNA EM FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA NA APA DA BACIA DO RIO SÃO JOÃO

Autores

  • Natália Satsuki Osita Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF
  • Carlos Ramon Ruiz Miranda Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF
  • Priscila da Silva Lucas Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF

Resumo

A Mata Atlântica, um bioma bastante fragmentado devido às ações antrópicas, estende-se por todo estado do Rio de Janeiro, incluindo a Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio São João, onde é desenvolvido o Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado. Em decorrência da fragmentação, a distribuição e abundância dos mamíferos, um dos grupos mais ameaçados de extinção, pode ter sido alterada. Este trabalho teve como objetivo inventariar a mastofauna em fragmentos de Mata Atlântica em propriedades privadas na APA da Bacia do Rio São João. Quadrantes de tamanho 650x650m foram delimitados na paisagem para guiar a escolha dos locais de instalação das armadilhas fotográficas (Bushnell HD Agressor).  Nós instalamos armadilhas fotográficas em 64 pontos de amostragem em 15 fazendas, entre dezembro de 2018 e março de 2020. 16 armadilhas permaneceram por 90 dias em cada ponto, configuradas para registrar vídeos de 10-30 segundos, e então movidas para novos pontos até completar os 64 pontos totais. Nós identificamos os vídeos até o menor nível taxonômico possível para quantificar a composição e riqueza de espécies em cada ponto e fazenda. Registramos 28 espécies de mamíferos distribuídas em oito ordens e 15 famílias. As fazendas que apresentaram maior riqueza obtiveram 18 e 17 espécies e as com menores riquezas uma e cinco espécies. As duas fazendas com maior riqueza apresentam áreas muito preservadas e histórico de parcerias com ações de conservação dentro da APA. A ordem com maior porcentagem de registros foi a Didelmorphia com 57,3%, seguida de Rodentia com 20,5%, Carnivora com 8,6%, Cingulata com 7,8%, Pilosa com 3,3%, Lagomorpha com 1,7% e Primates com 0,6%. A relação entre a riqueza e a distância dos pontos de amostragem a infraestruturas lineares (e.g. estradas) não foi significativa, sugerindo que as espécies utilizam estradas como oportunidades de alimentação e forrageio. Algumas espécies registradas estão classificadas na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), como o Leopardus wiedii e Trinomys eliasi, considerados como quase ameaçados, e o Leontopithecus rosalia, considerado em perigo. A perda de habitat consequente da fragmentação corresponde a uma grande ameaça à mastofauna. Áreas preservadas e/ou consideradas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) são menos fragmentadas, possuindo maior riqueza de espécies e maior número de registros do que áreas não protegidas, destacando a importância da preservação da paisagem, da fauna e das ações de educação ambiental realizadas na APA da Bacia do Rio São João. 

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Publicado

14-02-2022