QUEM TOCOU NO MEU NARIZ? UMA REVISÃO SOBRE ASPECTOS TAXONÔMICOS DAS VIBRISSAS EM MARSUPIAIS DO GÊNERO Thylamys Gray, 1843 (DIDELPHIMORPHIA: DIDELPHIDAE)

Autores

  • Milena Cavalcanti Silva Universidade Federal de Pernambuco – UFPE

Resumo

Vibrissas são pelos especializados, com maior comprimento e inervação, sendo importantes componentes do aparato sensorial táctil dos mamíferos. Estão relacionadas à alimentação, comunicação, posicionamento corporal e monitoramento ambiental, podendo indicar também tipos de locomoção. Em diferentes táxons, as vibrissas ocorrem em locais específicos que as nomeiam, sendo sua redução ou ausência associada a táxons mais especializados e sua presença em maior número um caráter mais ancestral. Como caractere taxonômico, as vibrissas variam em distribuição, coloração, quantidade e simetria, com grande variação interespecífica, mas baixa intraespecífica, de seus padrões entre gêneros de marsupiais. O gênero Thylamys abrange 12 espécies (três brasileiras) que ocorrem desde áreas abertas e secas até florestas úmidas e densas, sendo terrestres ou arborícolas. Baseando-se na literatura e no conhecimento prévio da autora sobre esses marsupiais, os objetivos deste trabalho foram investigar se a maior variação interespecífica das vibrissas se mantém em nível de gênero; e observar quais aspectos de variação das vibrissas são abordados nas descrições de espécies de Thylamys. Foram consultados 19 trabalhos obtidos em dois levantamentos bibliográficos, nas plataformas Google Acadêmico e Capes Periódicos, respectivamente com as palavras-chave “Thylamys” e “Thylamys taxonomy”, e 159 e 149 resultados. Nesta ordem, foram selecionados os trabalhos sobre taxonomia e recuperados 12 e 4 artigos e livros deste tema, sendo consultados mais 3 livros físicos. Destas referências, somente 6 mencionam as vibrissas em uma ou mais espécies de Thylamys ou na família Didelphidae, sendo que nenhuma delas aborda todos os aspectos de variação simultaneamente. Estes dados nos permitem generalizar que T. elegans, macrurus, pusillus, venustus, pallidior e velutinus possuem, em cada lado corporal, 2 vibrissas supraorbitais, 5-8 genais, 3 submentuais, 2 interramais, uma antebraquial, uma anconeal e 3-4 ulnar-carpais; e que as mistaciais, ciliares, supra e infraorbitais são pretas ou marrom escuras, algumas com pontas brancas, e as demais brancas, em T. karimii, velutinus, macrurus, pulchellus e citellus. São citadas também vibrissas cefálicas longas e mais perceptíveis em didelfídeos. Nestes caracteres morfológicos conservados são comuns, podendo explicar a baixa variabilidade das vibrissas em Thylamys e indicando que variações interespecíficas sejam mais comuns entre gêneros do que entre espécies congêneres. No entanto, este pode ser um efeito induzido pelo pouco detalhamento desse caractere por espécie na literatura, demonstrando uma lacuna dos trabalhos de descrição. Logo, recomenda-se maior detalhamento das descrições das vibrissas em Thylamys, dadas incertezas sobre sua variabilidade e o seu potencial de aumentar a riqueza de dados comparativos. 

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Publicado

14-02-2022