DIFERENÇA NA RIQUEZA E ABUNDÂNCIA DE PEQUENOS MAMÍFEROS NÃO-VOADORES ENTRE DOIS FRAGMENTOS FLORESTAIS VIZINHOS NA MATA ATLÂNTICA
Resumo
A Mata Atlântica é um bioma brasileiro que vem sofrendo fortemente com os efeitos da fragmentação florestal, resultado de diversos fatores, incluindo pressão da agricultura e especulação imobiliária pela expansão territorial das cidades. Esse processo é refletido diretamente na riqueza e abundância das espécies, com o agravante de que este bioma é o que apresenta o maior número de espécies ameaçadas no país. Este trabalho teve como principal objetivo analisar a diferença na riqueza e abundância de pequenos mamíferos não-voadores entre dois fragmentos florestais vizinhos na Mata Atlântica, Parque Estadual Mata das Flores (PEMF) e Parque Estadual Forno Grande (PEFG), por meio de análises ecológicas e de paisagem, visto que ambos os fragmentos possuem quase a mesma área de extensão, onde o PEFG apresenta 913,15 ha e o PEMF 800 ha e o mesmo esforço amostral de 4.182 armadilhas/noite por parque. Dentre as análises ecológicas, foi calculada a riqueza, riqueza estimada e abundância, e gerada a curva de suficiência amostral para cada fragmento. Já na análise da paisagem, foi realizado o mapeamento dos fragmentos, verificando o desenho e o uso e ocupação do solo que cada um ocupava, incluindo o entorno, além da medida de proximidade com as conurbações. Com isso, foi possível verificar que o fragmento do Parque Estadual Mata das Flores possui baixa riqueza de espécies (3 espécies) e abundância (54 espécimes) em comparação com PEFG (14 espécies, 402 espécimes), além de apresentar maior densidade de borda, uma matriz de entorno predominantemente de pastagens e estar próximo a conurbações do município de Castelo, o que aumenta as chances de defaunação, em comparação com o PEFG, que é envolto por fragmentos de mata nativa e está próximo a outras Unidades de Conservação. Desta forma, este trabalho busca compreender a paisagem como um fator de interferência na composição e abundância da fauna de pequenos mamíferos não-voadores em dois fragmentos de Mata Atlântica pertencentes à Unidades de Conservação no sul do Espírito Santo e que apresentam poucos estudos a cerca dessa fauna, onde foi possível concluir que a baixa riqueza e abundância encontrada no PEMF provavelmente é devida ao seu estado de fragmentação, além da composição da matriz presente no entorno dos parques, a proximidade com área urbana e estradas e do desenho que a UC apresenta em comparação ao PEFG.