EFEITOS DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL COGNITIVO SOBRE COMPORTAMENTOS ESTEREOTIPADOS DE Sapajus libidinosus (SPIX, 1823) (PRIMATES: CEBIDAE) CATIVOS

Autores

  • Henrique Tamanini Silva Moschen Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
  • Clara Rayanne Parente Avelino Universidade de Brasília – UnB
  • Mariana Viana Siqueira Universidade de Brasília – UnB
  • Jéssica Mendes de Souza Universidade de Brasília – UnB
  • Maria Clotilde Henriques Tavares Universidade de Brasília – UnB

Resumo

Comportamento Garantir as condições ideais para a manutenção de padrões fisiológicos e comportamentais é um pilar para uma ciência confiável na experimentação animal. Entretanto, a alta previsibilidade dos ambientes cativos desestimulam o gasto energético típico da vida livre, reduzem a qualidade de vida dos animais e impactam negativamente a própria ciência por trás do experimento. Em macacos-prego (um dos animais mais encontrados em cativeiro), isso ocasiona estresse evidenciado pela redução da expressão de comportamentos típicos (e.g. forrageamento, manuseio de alimento e manuseio de objeto) e pelo surgimento das estereotipias — comportamentos incomuns, sem objetivo claro e muitas vezes nocivos ao indivíduo. Para avaliar possíveis estratégias de redução do estresse animal, utilizamos o enriquecimento ambiental cognitivo-alimentar de baixo custo como forma de simular desafios comuns à espécie em vida livre, estimular a exploração do ambiente e reduzir a previsibilidade do cativeiro. Nesse estudo observamos macacos-prego cativos (n = 10, 5M:5F) pelo método de amostragem instantânea focal por oito semanas, alternando as condições de controle (CoC) e com aparato de enriquecimento ambiental (CoE). Introduzimos quatro aparatos cognitivo-alimentar associados à alimentos comuns à dieta dos animais: Bambu e varetas com pasta de amendoim (BP); cano PVC com larvas de Tenebrio molitor e mel (PVC); caixa de cipós com folhas e alimentos da dieta (CC) e Garrafa PET com uvas (PET). Para quantificar o estresse, medimos a frequência dos comportamentos indicativos de estresse (estereotipados), sendo eles: auto-catação (A-CA); autoinjúria (A-INJ); perambular (PER); giro de cabeça (GC); pirueta (PIR) e coçar (CO). Analisamos também a frequência de ocupação da parte interna (PI) e exposta (PE) do viveiro. Os procedimentos descritos foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade de Brasília (CEUA-UnB) sob processo SEI nº 23106.091858/2021-25. Verificamos redução significativa na frequência de comportamentos A-CA (51,44%), PER (61,39%) e CO (56,32%) com a introdução do aparato PET; CO (37,77%) com o aparato PVC; e PIR (67,87%) com aparato CC. O aparato PET também reduziu a frequência geral das estereotipias (51,91%). Em relação à frequência de ocupação, os indivíduos ocuparam significativamente mais a PE nas semanas CoE (28,46%), o que garante maior tempo de exposição ao sol e aos aparatos físicos do recinto. Além disso, os aparatos favoreceram a expressão dos comportamentos de forrageamento e manipulação de objetos/alimentos comuns da espécie. Esses dados indicam melhora no bem-estar geral dos animais e na manutenção de suas condições fisiológicas.

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Publicado

11-11-2023