ATIVIDADE ACÚSTICA E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE Aplastodiscus cavicola (CRUZ & PEIXOTO, 1985) EM ÁREAS ALAGADAS

Autores

  • Regiane Linhares Silva Faculdade Multivix - MULTIVIX

Resumo

A comunicação acústica de anuros é uma das principais formas de transmissão de informações entre espécies. Essa adaptação evolutiva, além de garantir o sucesso reprodutivo, garante uma comunicação efetiva nos mais variados contextos sociais. O Aplastodiscus cavicola, de acordo com a literatura possui alta especificidade quanto aos ambientes e microambientes ocupados, sendo geralmente encontrada em habitat florestal associada à ambientes alagados. No entanto, há registros bibliográficos de encontro de A. cavicola em lagoas permanentes antropizadas em fragmentos florestais. O monitoramento acústico passivo de uma espécie, nos permite acompanhar populações ao longo de um tempo, proporcionando um dimensionamento espaço-temporal de vocalização e as principais interações ecológicas (intraespecíficas e interespecíficas). Desse modo, a fim de analisar a atividade acústica de Aplastodiscus cavicola e a sua distribuição espacial em áreas alagadas, foi realizado um monitoramento acústico passivo em três pontos amostrais, na região de Victor Hugo, Marechal Floriano-ES. O ponto amostral 1 (P1) (20°24’48.43’’S; 40°52’40.19’’W), localiza-se em uma área de brejo com uma vegetação predominante de macrófitas aquáticas. O ponto amostral 2 (P2) (20°27’04.24’’S; 40°53’33.13”W) localiza-se em um riacho adjacente à uma área de floresta ombrófila aberta. E o ponto amostral 3 (P3) (20°27’13.13’’S; 40°53’55.76’’W), é uma área de nascente antropizada com predomínio de lírio-do-brejo. Para as gravações, foi utilizado o gravador modelo ICD-PX470 da Sony. O esforço amostral foi de 264 horas (3 gravadores X 8 dias X 11horas) durante os meses de julho e agosto. Em P1, não houve registro de vocalização do Aplastodiscus cavicola. Essa ausência pode ser explicada pelo fato de a espécie possuir hábitos arborícolas. Em P2, o coro de Aplastodiscus cavicola se mostrou muito intenso durante todo período, especialmente entre os horários das 18h às 1h. Neste ponto a espécie se mostrou dominante em todos os horários amostrados. Já em P3, apesar da área sofrer pressões antrópicas, também foi possível registrar a vocalização da espécie. No entanto, o coro foi mais intenso entre 18h e 20h, pois a partir desse horário inicia-se uma competição interespecífica entre o Aplastodiscus cavicola e o Dendropsophus nanus, onde a segunda passa a dominar o espaço acústico. Sendo assim, foi possível corroborar que a atividade acústica de Aplastodiscus cavicola, possui uma variação espacial. Preferindo ambientes onde há presença de arbustos e árvores, independendo se a área é antropizada ou não. Além disso, foi possível averiguar que espécie pode minimizar sobreposições do espaço acústico (interferência bioacústica), garantindo-lhe o sucesso na comunicação.

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Publicado

11-11-2023