MUDANÇAS CLIMÁTICAS E MATA ATLÂNTICA: POSSÍVEIS IMPACTOS NO FUTURO DO ROEDOR Delomys dorsalis (Hensel, 1872)

Resumo

Diferentes autores apontam florestas tropicais e sua resposta às mudanças climáticas como importantes objetos de estudo, já que estas podem contribuir com a perda de biodiversidade (FENG et al., 2017). A Mata Atlântica, floresta tropical presente no litoral leste brasileiro, é conhecida por sua rica diversidade biológica, ainda que classificada como hotspot mundial (Rezende et al., 2018). Delomys dorsalis (Hensel, 1872), roedor endêmico desse bioma, habita florestas montanas e submontanas úmidas, ocorrendo desde o Espírito Santo até o norte da Argentina, presente entre 60 m e 1700 m de altitude, tendo registros em valores próximos a 2000 m (GONÇALVES & OLIVEIRA, 2014). Apresenta ampla faixa de ocupação, uma vez que é classificado como generalista (PATTON et. al, 2015). A Modelagem de Nicho Ecológico é indicada para construção de previsões da distribuição potencial futura de espécies. Essa consiste em relacionar variáveis ambientais e dados das espécies através de processos estatísticos. Os trabalho de Moritz et al. (2005), com espécies de pequenos mamíferos do Parque Nacional de Yosemite nos Estados Unidos, e Mendonça (2021), com gênero de roedores montanos endêmicos à Mata Atlântica, demonstraram, através dessa metodologia, que espécies podem ser negativamente afetadas pelas mudanças climáticas, uma vez que perdem grande parte de área climaticamente adequada a sua sobrevivência. Estudos com relação aos impactos de mudanças climáticas à Mata Atlântica ainda são escassos (SOUZA et al., 2011). Sendo assim, este trabalho propôs analisar, por meio de modelos, diferentes cenários de alterações climáticas para as próximas décadas e seu possível efeito na distribuição de D. dorsalis, buscando prever modificações na área climaticamente adequada para a espécie.