VARIAÇÃO INTERPOPULACIONAL EM Akodon montensis (RODENTIA, SIGMODONTINAE) DEVIDO A PRESENÇA DE CROMOSSOMO B

Autores

  • Letícia Rosário Cruz Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
  • Valéria Fagundes Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

Resumo

O roedor Akodon montensis é uma espécie da Mata Atlântica e está distribuída do leste do Paraguai e nordeste da Argentina ao norte de Minas Gerais. O número diploide (2n) e número fundamental (NF) frequentemente observado para a espécie é 2n=24 e NF=42. Variações cromossômicas numéricas, com 2n=23 associado à monossomia do cromossomo X e 2n=25-27 devido à presença de 1-3 cromossomos supranumerários ou Bs, respectivamente, foram descritas. O padrão de distribuição dos cromossomos supranumerários em A. montensis não está claro, pois verifica-se variação de frequência do B nos indivíduos de várias populações. Uma ampla revisão dos dados cariotípicos da espécie deve ser realizada, com a incorporação de novos dados visando elucidar padrões populacionais da espécie. Assim, objetivamos caracterizar os cariótipos e compreender o padrão populacional quanto à presença do cromossomo B nas populações de A. montensis. Utilizamos novos dados citogenéticos gerados no Laboratório de Genética Animal (UFES) e de Citogenética de Vertebrados (USP), cedidos pelo Dr. Philip Myers (Universidade de Michigan) e dados da bibliografia, para novas interpretações acerca da presença ou ausência do cromossomo B em A. montensis. Foram determinados grupos populacionais baseados em estudos filogeográficos da espécie. Nossos resultados mostraram que 2n=24 é a forma mais amplamente distribuída (>80%). Quanto a presença de cromossomos Bs, a forma 2n=25 se mostrou mais frequente que 2n=26 e 2n=27, apesar de ocorrer em diferentes frequências entre as populações. A população de Santa Catarina foi a única na qual a frequência de cromossomos Bs foi maior que 65%, mostrando-se um grupo bem peculiar. A população do Rio Grande do Sul apresentou indivíduos apenas com 2n=26, ao passo que populações do norte de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e do Paraguai não apresentaram nenhum cromossomo B. Esses resultados corroboram com a ideia de que existe uma variação interpopulacional na espécie A. montensis pela presença de cromossomos Bs. Algumas evidências sugerem que esses cromossomos possuam polimorfismos a nível molecular, levantando questões sobre a origem dos cromossomos Bs de A. montensis. Assim, apesar dos Bs não mostrarem muitas variações morfológicas, pouco se sabe sobre a constituição desse cromossomo nessa espécie, sendo necessária futuras abordagens com a citogenética molecular a fim de melhor compreender sobre esse elemento extra do genoma. Estudos interdisciplinares associando a citogenética e filogenética podem auxiliar em inferências acerca da evolução cariotípica dessa espécie.

Palavras-chave: Variação interpopulacional. Akodon montensis. Cromossomo B.

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Publicado

30-06-2020