Movimento indígena e questões ambientais

Autores

  • Arlete M. Pinheiro Schubert
  • Fernando P. Schubert

Resumo

O artigo trata das  lutas indígenas por territorialidade e concentra-se no terceiro  movimento demarcatório dos Tupinikim e Guarani no Espírito Santo (2003-2007). Partimos da premissa que eles  intervêm na dinâmica permanente de destruição da sua experiência, e o fazem através das lutas por territorialidade, com o propósito de mobilizar e re-elaborador biografias culturais contemporâneas. A partir da Pesquisa e observação participante (BRANDÃO, 2003) constatamos o caráter educativo do acontecimento, compreendido como contexto (lócus) de revitalização identitária-cultural Tupinikim. Os conflitos territoriais indígenas, compreendidos como espaços de “suspensão” e “interrupção” (BENJAMIN, 1985) de um tempo arbitrário e colonizador, propicia experiências de transformação de sentidos para  diferentes sujeitos. Nos aspectos da cosmovisão indígena, em relação com a natureza, com seus lugares, podemos entrever as permanências culturais e o descompasso entre a “narrativa do progresso” (pela sociedade moderna) e a narrativa “do tempo feliz”[1] (pelos indígenas); tempo no qual a escuta do outro  não se constituía numa estratégia para combatê-lo melhor; a natureza não era somente território de recursos (objetos), mas território de relações que implicava todos os seres de vida, onde a relação se estabelecia entre sujeito-sujeito, e não sujeito-objeto.  Movimento que institui-se como acontecimento que, ao marcar a alteridade, transmite às novas gerações princípios e tradições indígenas.


[1] Expressão usada por diversas lideranças indígenas no movimento de 2005 (caderno de campo).

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Seção

GT3 – Conflitos socioambientais, desenvolvimento sustentável e gestão ambiental