Editorial

 

Prof. Dr. Jorge L Viesenteiner

Universidade Federal do Espírito Santo – UFES

E-mail: jvies@uol.com.br

 

A Revista Sofia do Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo traz a público o Primeiro Volume do ano de 2022 com os resultados de pesquisa realizados por pesquisadores/as vinculados a distintos Programas de Pós-graduação espalhados pelo país.

Em termos editoriais, a novidade para este número publicado é que, doravante, todos os artigos, traduções, resenhas etc., estarão vinculados também ao ORCID de cada autor/a inserido na respectiva edição. Trata-se de andarmos par e passo com as melhores práticas editoriais, bem como conferir ampla visibilidade e lisura nos procedimentos avaliativos e de publicação.

O Volume 1 do ano de 2022 publica resultados de pesquisa finalizados e em fase de finalização na seção de fluxo contínuo da Revista, bem como uma tradução. As publicações de resultados de pesquisa são fomentadas principalmente para que a comunidade filosófica possa ter contato com o estado da arte da pesquisa em distintas áreas e temáticas filosóficas.

O artigo intitulado de André C Yazbek, intitulado “Verdade e política em Michel Foucault e Hanna Arendt” retoma o debate em torno da relação entre política e pós-verdade, no sentido de investigar os desdobramentos da noção de “verdade política” implicada diretamente nos conceitos de poder e espaço público em Foucault e Arendt, com observações, ao final do artigo, a propósito dos impactos e relações que o tema possui com as variantes tecnociência, política e as novas mídias.

O artigo assinado pelos pesquisadores Diego L Warmling e Diego R Rodrigues enfoca o tema da psicanálise existencial, no sentido de fornecer as estruturas teóricas de interlocução entre Sartre, Politzer e a psicanálise clássica. Em primeiro lugar, a vinculação da psicanálise existencial com o projeto politzeriano de psicologia concreta tem implicações na estruturação da psique. A noção de concreto da consciência fenomenológica de Sartre é compreendida, em segundo lugar, pelas influências de Politzer na psicanálise existencial. As condições sobre o que o agente sabe da ação, embora sem conhecimento de si como agente, ocorre por meio da ruptura com a inconsciência e a substituição de inconsciente pela noção de pré-reflexividade dos sujeitos, cujas conclusões são que a consciência é inteira, espontânea, concreta e absolutamente livre.

O artigo de Gabriel A Assumpção intitulado “Filosofia sincrítica e poesia em Friedrich von Hardenberg (Novalis)” se concentra na mútua relação entre poesia e filosofia em Novalis, no sentido de que a filosofia circunscreve o horizonte conceitual capaz de investigar o mundo natural, ao passo que a poesia é a capacidade de atingir saberes intuitivos que estão para além dos limites da filosofia, no sentido de uma concepção não dualista da filosofia capaz de integrar idealismo e realismo, via filosofia sincrítica.

O artigo “A impossibilidade da produção do sublime pelo gênio em Kant” de Thiago Nogueira se concentra na hipótese sobre a impossibilidade de o gênio produzir o sublime na natureza, hipótese circunscrita por meio das seguintes linhas gerais da filosofia kantiana: a separação entre fenômeno e coisa em si; essa relação de separação nos juízos estéticos; gênio e natureza; gênio e suprassensível e, por fim, a diferença entre belo e sublime nas artes e na natureza.

O artigo de Vinícius Santos sobre a “cegueira como metáfora do estranhamento social capitalista” investiga em que medida o romance Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, ilustra a crítica de Marx à sociabilidade específica do capitalismo, assim como a relação de formação de subjetividades condensada na noção de alienação (Entfremdung). Trata-se então de um esforço de lançar mão do aparato literário de Saramago com o intuito de articular o caríssimo conceito marxiano.

O artigo de Vitor Sartori intitulado “Acerca do sujeito, da pessoa e do Direito nos Grundrisse” aborda a crítica pachukaniana ao Direito, especialmente a partir da noção de análise imanente do filósofo brasileiro José Chasin, cujo escopo de crítica está na articulação da posição de Marx sobre a esfera jurídica. Além dessas aproximações, o artigo destaca também as particularidades das posições de Marx, incluindo aspectos essenciais da forma dinheiro e da esfera da distribuição.

Por fim, o público tem contato também com a tradução de Silvério Becker intitulada “Sobre os Métodos de Investigação em Filosofia da Mente”, o primeiro capítulo do livro Doctrine of the Will, de Asa Mahan publicada em 1845, em que o autor já chama atenção sobre temas relevantes da filosofa da mente e sua importância para a investigação filosófica, assim como erros comuns e metodológicos nessa seara de investigação.

Desejamos excelente leitura e que a Revista Sofia possa continuar contribuindo para a divulgação e fomento da pesquisa filosófica da comunidade brasileira e internacional.

 

Boa leitura!