
APRESENTAÇÃO
Heidegger e Aristóteles. A transformação hermenêutica da fenomenologia (1921-1924)
Bento Silva Santos
0000-0001-6111-1693
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – Nível 2
UFES – Universidade Federal do Espírito Santo
O dossiê intitulado “Heidegger e Aristóteles. A transformação hermenêutica da fenomenologia (1921-1924)” é fruto do II Colóquio Internacional do Grupo de Pesquisa “Fenomenologia e Linguagem” (CNPq), realizado de 10 a 13 de junho de 2024 no Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo. O evento reuniu pesquisadores nos âmbitos das fenomenologias de Edmund Husserl e Martin Heidegger e teve apoio financeiro formal de duas agências de fomento à pesquisa, bem como do PPGFIL/UFES: FAPES (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo) com Edital FAPES nº 20/2023 – Organização de eventos técnico-científicos e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) com o Edital Universal – Chamada CNPq/MCTI Nº 10/2023 – Faixa B – Grupos Consolidados. Sem o suporte financeiro dessas agências o evento não poderia ter sido realizado. O meu agradecimento às agências de fomento aqui declinadas e ao colegiado do PPGFIL/UFES.
A perspectiva do centenário da transformação hermenêutica da fenomenologia (1921-1924)
O Colóquio comemorou o centenário da apropriação de Martin Heidegger dos textos de Aristóteles, iniciada em 1921 com o seminário sobre o “De anima”, no entrecruzamento de outros textos do Estagirita, crescendo vorazmente em 1921/1922 com a preleção do semestre de inverno “Interpretações fenomenológicas sobre Aristóteles” (GA 61)[1], bem como a do semestre de verão de 1922 “Interpretações fenomenológicas de tratados escolhidos de Aristóteles sobre ontologia e lógica” (GA 62)[2], com o Relatório-Natorp (1922)[3]. Todo esse material provém ainda da primeira fase de docência de Heidegger em Freiburg (1919-1923). Após a última preleção friburguense “Ontologia. Hermenêutica da facticidade” (GA 63)[4], cujo centenário foi também objeto de rememoração em obra recente organizada por um dos articulistas do presente dossiê, Andrés Contreras[5], esta apropriação se intensifica radicalmente nas preleções marburguenses (1923-1928) e chega a seu clímax com a preleção do semestre de verão (SS 1924) “Conceitos fundamentais da filosofia aristotélica” (GA 18)[6]. Neste último curso, com base na apropriação fenomenológica da Retórica de Aristóteles, Heidegger executa precisamente uma hermenêutica da discursividade cotidiana do ser-aí humano: “a retórica nada mais é do que a interpretação do ser-aí concreto, a hermenêutica do próprio ser-aí”[7]. Os textos dos quais Heidegger se apropria ao longo de seu caminho de pensamento são os seguintes: Ética a Nicômaco, Livro VI; Sobre a Alma[8]; Metafísica I, capítulos 1-2; Física, Livros I, II e III; Metafísica, Livros VII, VIII e IX[9]. Com base nas preleções marburguenses, a esta lista canônica devemos acrescentar também as seguintes obras: Sobre a interpretação e a Retórica (GA 18). Por fim, em relação específica ao De Anima de Aristóteles, Jean Orejarena Torres & Ángel Xolocotzi Yáñez organizaram igualmente uma coletânea de contribuições para comemorar a origem das interpretações fenomenológicas de Heidegger em 1921[10].
O horizonte hermenêutico da apropriação dos textos aristotélicos nas preleções de Heidegger
Do ponto de vista da apropriação heideggeriana, a investigação visa a determinação da pesquisa principial da Física de Aristóteles: “o ente no como (Wie) do seu ser-movido (Bewegtsein)”, o movimento, como fenômeno fundamental, e o esse “principial” no conteúdo definitório (do objeto da filosofia) para Heidegger é o Wozu do comportar-se: sentido do ser”[11]. Sob este ângulo, enquanto um “Verhalten zu ...”, o objeto da definição da filosofia tem que vir à compreensão de modo indicativo-formal, isto é, a reflexão metodológica no modo de ser próprio da interpretação filosófica só pode ser “caminho na mobilidade (Weg in der Bewegtheit)”[12]. E precisamente este caminhar como existência “no comportar-se para com...”[13] ou “relacionar-se com” é aquilo que a relação mantém (halten) junto a si sem perder-se com o absorver-se ruinante no mundo: o ser da realização (temporalização, o histórico [das Historische]), ou seja, comportamento cognitivo para com o ente enquanto ser – sentido do ser. Tal é categoria fenomenológica indicativo-formal: “das Wie des Worauf des Bezugs” (o como do horizonte da relação)”[14].
Por conseguinte, conquistar o “ser”, ou seja, sentido do ser, que “é” ser, significa precisamente uma problemática concreta e não contemplação abstrata na determinação de um eidos atemporal. Somente com base nesta problemática concreta do “comportar-se com algo...”, à medida que se dá um “como” (Wie) do ter um comportamento qua ser, é possível fornecer o impulso decisivo para o princípio, o caminho e o alcance das pesquisas sobre Aristóteles. Heidegger deseja, portanto, conquistar uma compreensão principial da ontologia aristotélica (ser – sentido) (referida aos entes da natureza), na qual os seus conceitos fundamentais se tornem determinações plenas para a tendência de temporalização no conhecimento, a saber: “remissões para a conquista da pré-disponibilidade (Vorhabe), reivindicações do questionar, extensão da explicação, originariedade da conceitualidade”[15].
Desse modo, com base no tema fundamental da conquista do “sentido de ser da vida fática, no questionar-se assim concreto, enquanto realizado” – isto é, Seinssinn abrindo-se “em sua facticidade, em sua situação e temporalidade genuínas”[16] –, o problema consistirá no exame da estratégia metodológica de Heidegger a partir da interpretação hiperbólica dos textos no gesto indivisível da “destruição” reiterativa do filósofo grego. Sob o fio condutor da mobilidade da existência como possibilidade de ser, outras possibilidades latentes salvaguardas por Aristóteles são examinadas em diversos lugares por Heidegger, a saber: a questão do sentido da conceitualidade filosófica na tradição e no solo atemporal do Dasein (ser-aí); a estrutura apofântica do logos; a negatividade do poder discursivo humano; a negatividade de alētheia; a doutrina aristotélica das paixões (pathē) e do medo (phobos). O objetivo das apropriações consiste na elaboração das categorias mais apropriadas para exibir os modos de ser do ente humano enquanto motilidade: “dynamis, o poder-dispor-de (Verfügenkönnen über) cada vez determinado, enérgeia, o tomar [assumir] na utilização genuína da disponibilidade, e entelécheia, o manter em custódia utilizando esta disponibilidade”[17]. A propósito dessas possibilidades custodiadas por Aristóteles, na apropriação heideggeriana em “Conceitos fundamentais da filosofia aristotélica” (GA 18) destacam-se as seguintes conquistas, segundo Enrico Berti:
A consideração da filosofia aristotélica em sua integridade sem a hostilidade que se manifestaria em torno dela depois da ‘virada’, a importância dada à ousía como ‘ser do ente’, a individuação da pólis como lugar em que se coloca a vida prática, isto é, o Dasein, a valorização da Retórica (não valorizada em outras interpretações de Aristóteles, como na famosa monografia de Ross), a interpretação dos exōterikoi lógoi, em continuidade com Diels, como discursos externos não à escola, como queria Werner Jaeger, mas às disciplinas individuais, o papel do medo na investigação sobre a arché (o medo dos antigos físicos de que o sol, os astros e o céu em sua totalidade possam fechar-se, mencionado em Metafísica IX 8, 1050 b 22)[18].
A situação vital das contribuições sobre a relação de Heidegger com os textos de Aristóteles
Quanto ao conteúdo do dossiê, há duas séries de artigos totalmente independentes por conta da situação originária da escrita dos textos aqui publicados pela primeira vez, isto é, a realização do II Colóquio Internacional do Grupo de Pesquisa “Fenomenologia e Linguagem”[19] sob a minha organização e com a colaboração efetiva de vários (as) discentes do mestrado e doutorado em Filosofia da UFES. De um lado, a primeira delas é dedicada exclusivamente ao pensamento de Edmund Husserl sem confrontação com a fenomenologia de Heidegger, uma vez que isso não era o objetivo do Colóquio. A razão para incluir os artigos sobre a fenomenologia husserliana deve-se ao fato da defesa da tese de doutorado no PPGFIL/UFES (aos 12 de junho de 2024) de meu orientando e articulista João Marcelo S. da Rocha: "Do sentido ao problema da verdade na Fenomenologia de Edmund Husserl: implicações da ressignificação transcendental do conceito de transcendência na adaequatio rei et intellectus husserliana". Nesse sentido, o momento husserliano é declinado em três contribuições dos participantes da Banca e, ao mesmo tempo, do Colóquio, a saber: “Implicações entre avanço teleológico e retorno às origens: a aventura da Geometria em Husserl”, de Carlos Diógenes Côrtes Tourinho (UFF/Niterói-RJ); “Considerações sobre o ‘eu’ na Fenomenologia de Investigações Lógicas”, de Flávio Vieira Curvello (Departamento de Filosofia/UFBA) e, por fim, “Os sentidos fenomenológicos da verdade na 6ª Investigação Lógica”, de João Marcelo Silva da Rocha (IFES/BA). Com essa explicação, justifico cabalmente a heterogeneidade dos textos em relação à temática do dossiê.
De outro lado, a segunda série de artigos concerne fundamentalmente ao tema do Colóquio: a relação de Heidegger com Aristóteles a partir do horizonte da “transformação” hermenêutica da fenomenologia, “transformação” rememorada aqui por ocasião do centenário das preleções de Heidegger dedicadas as obras do Estagirita, sobretudo desde 1921 até 1924, ainda que tal relação se prolongue por muitos anos no caminho de pensamento do filósofo alemão. Inicialmente, menciono artigos apresentados originalmente como conferência de abertura e de término do Colóquio, respectivamente: “Aristóteles y la fundamentación histórico-crítica de la ‘hermenéutica fenomenológica de la facticidad’”, de Andrés F. Contreras (Instituto de Filosofía da Universidad de Antioquia – Colombia); “A temporaneidade como fundamento da transcendência do Dasein, da intramundanidade e da intratemporalidade”, de Acylene Maria Cabral Ferreira (Departamento de Filosofia – UFBA). Em seguida, declino as demais contribuições discutidas originalmente sob a forma de palestras, mesas redonda e minicursos: “Heidegger e o ‘ser-verdadeiro’ em Aristóteles – exposição sobre a conferência ‘ser-verdadeiro e ser-aí’”, de Marco Aurélio Fernandes (Departamento de Filosofia – UnB); “Anotações sobre a conferência ‘O conceito de tempo’ de Martin Heidegger”, de Renato Kirchner (Faculdade de Filosofia: PUC – Campinas); “Heidegger, a techne como um modo da verdade e o fim da filosofia”, de Luís Gabriel Provinciatto (Faculdade de Filosofia: PUC – CAMPINAS); “Sobre a apropriação de Heidegger à filosofia prática de Aristóteles, em especial quanto ao conceito de Phrónesis”, de Roberto Kahlmeyer-Mertens (Departamento de Filosofia – Unioeste, campus Toledo); “Coexistence is Communication: Heidegger’s Rhetorical View of Community”, de Roberto Wu (Departamento de Filosofia – UFSC); “Martin Heidegger e Aristóteles. A interpretação da sophia na Metafísica I, capítulos 1-2”, de Bento Silva Santos (Departamento de Filosofia – UFES).
Considerando a densidade e especificidade de cada contribuição seja sobre Husserl, seja sobre o pensamento de Heidegger, não é possível realizar uma síntese dos artigos. O leitor, porém, terá a oportunidade de constatar o resumo elaborado pelos articulistas na introdução de cada contribuição. Na qualidade de organizador principal do dossiê, quero manifestar meus agradecimentos sinceros aos meus (às minhas) colegas de pesquisa pela aceitação e participação efetiva no Colóquio aqui em Vitória no mês de junho de 2024. Este agradecimento também é estendido, “ab imo corde”, aos meus (às minhas) orientandos (as) e demais discentes do PPGFIL pela disponibilidade de colaborar na organização do evento acadêmico. Sem a generosa e efetiva colaboração deles (as) o evento não teria sido realizado com sucesso. O fruto de todo esse trabalho está aqui, finalmente, entregue aos (às) leitores (as) simpatizantes da filosofia em suas mais diversas inflexões metodológicas, ainda que árduas em se tratando da fenomenologia de Husserl e de sua “transformação” hermenêutica no pensamento inicial de Heidegger. Por fim, como bem observou Franco Volpi em sua obra de referência “Heidegger e Aristotele” (1984) na qual mostrou a relevância da Ética a Nicômaco para a conformação de Sein und Zeit (1927), cabe “destacar que a fecundidade do vínculo do filósofo alemão com Aristóteles não reside tanto nas interpretações dos textos como tais, mas na capacidade de recuperar e de tornar atuais os problemas filosóficos que apresentam”[20].
[1] M. Heidegger, Phänomenologische Interpretationen zu Aristoteles. Einführung in die phänomenologische Forschung [WS 1921/1922] (GA 61). Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann,1985, (21994). Ver o meu comentário completo dessa preleção fundamental em A fenomenologia hermenêutica da vida fática de Martin Heidegger (1919-1923). São Paulo: LiberArs, 2023, 425-474.
[2] M. Heidegger, Phänomenologische Interpretationen ausgewählter Abhandlungen des Aristoteles zu Ontologie und Logik, [Sommersemester 1922] (GA 62). Vittorio Klostermann: Frankfurt am Main 2005, 1-339.
[3] M. Heidegger, Phänomenologische Interpretationen zu Aristoteles. (Anzeige der hermeneutischen Situation), Dilthey-Jahrbuch 6 (1989), 236-274, retomado In: Phänomenologische Interpretationen ausgewählter Abhandlungen des Aristoteles zu Ontologie und Logik, Frühe Freiburger Vorlesung [Sommersemester 1922] (GA 62), 341-419.
[4] M. Heidegger, Ontologie. (Hermeneutik der Faktizität) [SS 1923]. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann,1988, (32018).
[5] Ver A. F. Contreras (ed.). La vida como lugar del pensar. Desarrollo y significado de la “hermenéutica de la facticidad” de Martin Heidegger.Granada: Editorial Universidad de Granada,2024.
[6] M. Heidegger, Grundbegriffe der aristotelischen Philosophie (Sommersemester 1924) (GA 18). Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2002.
[7] M. Heidegger, Grundbegriffe der aristotelischen Philosophie [Sommersemester 1924] (GA 18), 110.
[8] Trata-se dos exercícios anunciados sobre o De anima de Aristóteles [Übungen (über Aristoteles, De Anima) – Freiburger Seminar (für Anfänger), Sommersemester 1921], transcritos pelo seu aluno Oskar Becker (1889-1964), bem como por outra estudante, Helene Weiss (1989-1951), e essas anotações já estão disponíveis em tradução espanhola (ver a nota 10, infra: obra organizada por Jean Orejarena Torres & Ángel Xolocotzi Yáñez em 2024), tendo sido publicadas pela primeira vez em Heidegger Jahrbuch 3 [Heidegger und Aristoteles] (2007) 9-22, fora da moldura da Gesamtausgabe. A propósito, ver sobretudo: Xolocotzi Yáñez, A.; Gibu Shimabukuro, R. & Orejarena Torres, J. (coordinadores). Aristóteles y la fenomenología del siglo XX: estudios en torno a la presencia de Aristóteles en la obra de Heidegger y Husserl. Buenos Aires: Editorial Biblos, 2022. Acerca de outros exercícios de seminários ou conferências sobre Aristóteles, cf. M. Heidegger, Seminare: Platon – Aristoteles – Augustinus (GA 83). Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2012: Übungen zu Aristoteles, Physik. Marburger Seminar, Sommersemester 1928; Übungen für Fortgeschrittene. Aristoteles, Metaphysik. Freiburger Seminar, Sommersemester 1944; (Übungen im Lesen) Fortsetzung. Aristoteles, Physik B 1 und G 1-3. Freiburger Seminar, Sommersemester 1951; IDEM, Vorträge: Teil 1: 1915 bis 1932. (GA 80.1). Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann,2016: Dasein und Wahrsein nach Aristoteles. Interpretation von Buch VI der Nikimachischen Ethik (1923/1924), 57-101.
[9] M. Heidegger, Natorp-Bericht, In: Phänomenologische Interpretationen ausgewählter Abhandlungen des Aristoteles zu Ontologie und Logik, Frühe Freiburger Vorlesung [Sommersemester 1922] (GA 62), 376-399.
[10] Ver Orejarena Torres, J. & Xolocotzi Yáñez, A. (coordinadores), Heidegger, lector de Aristóteles: en torno al origen de su interpretación fenomenológica. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: SB; México: Benemérita Universidad Autónoma de Puebla – BUAP, 2024.
[11] M. Heidegger, Phänomenologische Interpretationen zu Aristoteles. Einführung in die phänomenologische Forschung (GA 61), 59.
[12] M. Heidegger, Phänomenologische Interpretationen zu Aristoteles. Einführung in die phänomenologische Forschung (GA 61), 157.
[13] Ver sobretudo M. Heidegger, Phänomenologische Interpretationen zu Aristoteles. Einführung in die phänomenologische Forschung (GA 61), 52-61: “das Verhalten”.
[14] M. Heidegger, Phänomenologische Interpretationen zu Aristoteles. Einführung in die phänomenologische Forschung (GA 61), 53.60.
[15] M. Heidegger, Phänomenologische Interpretationen ausgewählter Abhandlungen des Aristoteles zu Ontologie und Logik [Sommersemester 1922] (GA 62), 118.
[16] M. Heidegger, Phänomenologische Interpretationen zu Aristoteles. Einführung in die phänomenologische Forschung (GA 61), 176.
[17] M. Heidegger, Natorp-Bericht, 396.
[18] E. Berti, Las pasiones entre Heidegger y Aristóteles, In: Xolocotzi Yáñez, A.; Gibu Shimabukuro, R. & Orejarena Torres, J. (coordinadores). Aristóteles y la fenomenología del siglo XX: estudios en torno a la presencia de Aristóteles en la obra de Heidegger y Husserl, 335-345; aquí, 343.
[20] F. Volpi, Heidegger y Aristóteles. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2012, 25. Ver, sobretudo o artigo programático de Franco Volpi, Dasein comme praxis: L’assinilation et la radicalisation heideggerienne de la philosophie pratique d’Aristote, In: Volpi, F.; Mattéi, J.-F. et alii. Heidegger et l’idée de la phénoménologie. Dordrecht-Boston-London: Kluwer Academic Publishers,1988, 1-41.