A EXPRESSÃO "QUESTÃO SOCIAL" EM QUESTÃO: UM DEBATE NECESSÁRIO AO SERVIÇO SOCIAL
DOI:
https://doi.org/10.22422/temporalis.2021v21n42p173-187Resumo
O presente artigo indica uma chave de interpretação crítica, histórico-ontológica, sobre o surgimento da expressão “questão social”. Contrapondo-nos à literatura burguesa, busca-se desvelar o que entendemos como o “invólucro místico” que a envolve, em alguns países da Europa no século XIX onde surge essa expressão para designar uma nova dinâmica resultante das relações sociais de produção/reprodução que ali se gestam, momento em que a luta de classes ameaça o ordenamento social. Após percorrermos este caminho de investigação e análise, concluímos que a expressão “questão social” é apropriada pelo pensamento conservador para explicar e justificar o alastramento e o aprofundamento das sequelas oriundas da exploração absoluta que tomava conta das famílias proletárias e, ao mesmo tempo, da materialização da classe trabalhadora na condição de classe para-si, dois conteúdos que estremeceram as bases estruturantes do projeto societário burguês a partir de 1830 e que se aprofundaram com a revolução de 1848 no continente europeu. Ao tomá-la como uma expressão que oculta os fundamentos econômicos e políticos que constituem ontologicamente a sociedade burguesa, consideramos que ela obscurece tanto a contradição, que é o motor da história, quanto a necessidade vital e impostergável da supressão da ordem burguesa, e não a sua mitigação no contexto deste ordenamento social. A partir desta reflexão entendemos que só a crítica, elaborada pelo materialismo histórico-dialético permite ir à raiz do que temos denominado na produção teórico-bibliográfica e na formação profissional de assistentes sociais no Brasil como “questão social” e por quais mediações ela entretece a profissão.
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