Crise de 2008, plataformas de superexploração e a ideologia do trabalhador empreendedor

Autores

Palavras-chave:

Plataformas de superexploração do trabalho, Economia do Compartilhamento, Crise Econômica de 2008

Resumo

O presente artigo parte do neoliberalismo para tratar da crise econômica de 2008 e seus elementos estruturantes. Aborda, ainda, a perda de direitos da classe trabalhadora e os efeitos do desemprego estrutural enquanto viabilizadores da ascensão de plataformas digitais de superexploração do trabalho, tais como o Uber, Deliveroo e o Ifood. Essas acabam por deflagrar um conjunto de conflitos na relação entre trabalhador e empregador, oriundos da concepção de empreendedor/consumidor. Tal concepção vem sendo apregoada pela escola apologética da economia do compartilhamento, que serve como parâmetro para a organização dessas plataformas. Conclui-se que as condições de trabalho conjugam o moderno (digital) e o primitivismo (exploração e espoliação) em uma concepção enviesada de progresso, conforme incorporada por essas plataformas.  Esse artigo apoia-se no materialismo histórico-dialético e dialoga com diversos autores coetâneos que desenvolveram pesquisas nos últimos anos sobre essas temáticas.

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Biografia do Autor

Robson de Oliveira, Universidade Federal do Paraná - UFPR

Assistente Social. Doutor em Serviço Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC, Florianópolis, Brasil). Docente do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Paraná (UFPR, Matinhos, Brasil). E-mail: robson.de.oliveira@ufpr.br

Michael Gonçalves Cordeiro, Universidade Federal do Paraná - UFPR

Assistente Social. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial Sustentável da Universidade Federal do Paraná (UFPR, Matinhos, Brasil). Assistente Social na Prefeitura Municipal de Garuva (PMG, Garuva, Brasil). E-mail: michaelcordeiro016@gmail.com

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Publicado

23-12-2024

Como Citar

de Oliveira, R., & Gonçalves Cordeiro, M. (2024). Crise de 2008, plataformas de superexploração e a ideologia do trabalhador empreendedor. Temporalis, 24(48), 330–344. Recuperado de https://periodicos.ufes.br/temporalis/article/view/44914