Mulheres rurais e as lutas pela água na América Latina
DOI:
https://doi.org/10.22422/2238-1856.2015v15n30p495-514Resumo
Este artigo trata das lutas das mulheres rurais na América Latina por água e tem como objetivo analisar os lugares das mulheres quanto ao acesso, gestão e participação nos espaços decisórios das políticas hídricas dos seus países. Foi analisada a Campanha Latino-americana “Água é Vida e Direito”, realizada pela Rede Latino-americana e Caribenha das Mulheres Rurais. O pressuposto do artigo é que a desigual distribuição dos recursos naturais no campo está relacionada com os sistemas de exploração – dominação de classe, gênero, raça e etnia entre outros. Os resultados apontam que as mulheres cuidam do abastecimento, porém não participam dos espaços decisórios. A apropriação privada das águas e a acentuada destruição dos mananciais hídricos são os principais responsáveis pelo cenário de indisponibilidade hídrica nos contextos rurais. As principais lutas são contra a privatização das águas, falta de políticas hídricas que atendam as reivindicações das populações rurais, especialmente, das mulheres camponesas, negras e indígenas.
Downloads
Referências
ÁVILA, M. B. Mulher e natureza: os sentidos da dominação no capitalismo e no sistema patriarcal. Cadernos de Crítica Feminista, Recife, Ano VI, n.5, p. 32-43, 2012.
BRAH, A. Diferença, diversidade, diferenciação. Cadernos Pagu, Campinas, n. 26, p. 329-376, 2006.
CARNEIRO, S. Mulheres em movimento. Estudos Avançados, São Paulo, v. 17, n. 49, p. 117-133, 2003.
CORDEIRO, R.L.M; SILVEIRA, S.M.B, MORALES, P., ALMEIDA, V. Mulheres e água: a experiência da rede de mulheres rurais da América Latina e do Caribe. Recife: Revista Anthropológicas. Ano 16, Vol. 23 (1), p. 160-178, 2012.
CORDEIRO, R. L. M.; SILVEIRA, S. M. B., MORALES, P. Síntese da campanha água é vida e direito. (22 de março de 2007 a 20 de dezembro de 2008). Recife, 2009. Mimeo.
DEERE, C.; LEÓN, M. O empoderamento da mulher: direito à terra e direitos de propriedade na América Latina. Porto Alegre: Editora da UFRG, 2002.
EQUIPO Interdiciplinar e Intercultural del Proyecto. Propuesta para un KVME Felen Mapuce. Confederación Mapuce de Neuquen. Neuquen: Argentina, 2010. Disponível em: <http://odhpi.org/wp-content/uploads/2011/09/kvme-felen-Plan-de-vida.pdf> Acesso em: 5 out. 2014.
FOLADORI, G. O capitalismo e a crise ambiental. Tradução de Paulo Roberto Delgado. Revista Outubro, Rio de Janeiro, n. 5, p. 117-148, 2001.
GONZALES, L. A mulher negra na sociedade brasileira. In: LUZ, Madel, T. (Org.). O lugar da mulher: estudos sobre a condição feminina na sociedade atual. Rio de Janeiro, Graal, 1982.
HERNÁNDEZ CASTILLO, A. Entre el etnocentrismo feminista y el esencialismo étnico. Las mujeres indígenas y sus demandas de género. Debate Feminista, México, Año 12, v. 24, p. 206-229, 2001.
LEFF, E. Epistemologia ambiental. 5. ed. São Paulo, Cortez, 2010.
MELO, L.A. Relações de gênero na convivência com o semiárido brasileiro: água para o consumo doméstico. In: SCOTT, P.; CORDEIRO, R. L. M. (Orgs.). Agricultura familiar e gênero: práticas, movimentos e políticas públicas. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2006.
PEREDO BELTRAN, E. Una aproximación a la problemática de género y etnicidad en América Latina. Serie Mujer y desarrollo, Santiago de Chile, n. 53, 2004. Disponível em: <http://www.cepal.org/publicaciones/xml/7/14797/lcl2066e.pdf> Acesso em: 6 out. 2014.
PISCITELLI, A. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. Sociedade e Cultura, Goiânia, v.11, n.2, p. 263-274, jul./dez. 2008.
SAFFIOTI, H. O poder do macho. São Paulo, Moderna, 1987.
______. Não há revolução sem teoria. In: ______. Gênero, patriarcado e violência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004.