LAMARCK E A IMAGINAÇÃO CIENTÍFICA

Autores

  • Gisèle Séginger Université Paris-Est

Resumo

Em nossas pesquisas, na universidade Marne-la-Vallée e na fundação “Maison des sciences de l’homme”, trabalhamos há alguns anos sobre os saberes biológicos na literatura do século XIX, o da invenção da biologia, uma ciência dos seres vivos imaginados por Lamarck desde 1800, que permite repensar a natureza, a oposição entre o orgânico e o inorgânico, dando o passo inicial sobre a divisão em três reinos. Os novos saberes acerca dos seres vivos circulam entre as disciplinas, e a literatura o apreende. Nosso objetivo é estudar o que produzem os saberes tomados emprestados ou desviados sobre o plano estético, epistemológico e ideológico, sendo os saberes biológicos utilizados, por vezes, para pensar o histórico e o político, ou para questionar a visão religiosa do mundo. Esse programa nos levou a ler os cientistas que tiveram mais sucesso diante dos escritores e contribuíram particularmente com a luta dos paradigmas entre o fixismo e o transformismo ou o evolucionismo. É desse modo que começamos finalmente a refletir sobre a própria escrita científica, num período e a partir duma ciência em que textos são frequentemente muito narrativos, metafóricos e num período em que os cientistas se preocupam com a escrita. Significa então que questionamos a oposição entre textos literários e textos científicos, pelo menos nos tempos que precederam o século XX. Eu queria primeiramente lembrar brevemente o contexto contemporâneo do debate sobre a oposição entre ciência e cultura, conhecimento e imaginação, o questionamento duma partilha pelos cientistas por vezes, o que conforta o nosso empreendimento. Num segundo momento, mostrarei na obra a imaginação no texto mais célebre do inventor da biologia: Filosofia zoológica, quando se trata de inventar uma lógica geral do ser vivo e de compreender o funcionamento interno e invisível dos organismos. Lamarck apresenta também um interesse maior porque ele pensa a imaginação como uma das funções do organismo dentro, portanto, do seu campo de estudo. A Filosofia zoológica reflete então sobre o funcionamento da imaginação mostrando o seu papel na invenção científica. Abordarei em último lugar o estatuto quase metatextual do capítulo sobre a imaginação, integrado na Filosofia zoológica

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Biografia do Autor

Gisèle Séginger, Université Paris-Est

Departamento de História

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Publicado

20-01-2016