A Cracolândia e o fluxo no contexto da produção do espaço na metrópole de São Paulo

Autores

  • Ariel Machado

Resumo

Associada à região da Luz, centro de São Paulo, a delimitação da Cracolândia moldou-se em íntima relação com as gestões municipais e os projetos urbanísticos destinados à área nas últimas duas décadas. O fluxo, seu conteúdo, refere-se à fixação territorial de usuários de drogas que ali se concentram, em relação constante e ritmada com o controle policial. Sugerindo a instrumentalidade de sua delimitação ambígua, a Cracolândia é, ao mesmo tempo, representação espacial e população movente. O presente artigo tem como foco analisar a mediação espacial entre representação formal e conteúdo, considerando os deslocamentos da Cracolândia de 2005 a 2018 e seu perímetro mais recente. Tomando o cotidiano do fluxo como nível intermediário, explicita-se o caminho teórico-metodológico adotado na pesquisa em curso, tensionando-o com a prática e a presença em campo e intencionando a abertura de perguntas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALFREDO, Anselmo. O mundo moderno e o espaço: apreciações sobre a contribuição de Henri Lefebvre. São Paulo: ​GEOUSP - Espaço e Tempo​, nº 19, 2006, p. 53 - 79.

BENJAMIN, Walter. Teoria do conhecimento, Teoria do progresso. In: BENJAMIN, Walter. ​Passagens (v. II)​. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018, p. 759 - 808.

COSTA, Roberta Marcondes. Mil Fitas na Cracolândia: ​Amanhã é Domingo e a Craco Resiste, 2017, 290f. Dissertação de Mestrado, Instituto de Estudos Brasileiros, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

DAMIANI, Amélia Luisa. A propósito do espaço e do urbano: algumas hipóteses. CIDADES​, v. 1, nº 1, 2004, p. 79 - 95.

_________. As contradições do espaço: da lógica (formal) à (lógica) dialética, a propósito do espaço. In: DAMIANI, CARLOS e SEABRA. ​O espaço no fim de século: a nova raridade​. ​São Paulo: Contexto, 1999, p. 48 - 61.

DAMIANI, Amélia Luisa e BAITZ, Ricardo. ​A materialidade do espaço urbano e as abstrações concretas: a produção do espaço inteligente e a Cracolândia, atualizações da alienação social à alienação espacial​. Trabalho apresentando no 56º Congresso Internacional de Americanistas (ICA), Salamanca, 2018.

DEBORD, Guy. ​A sociedade do espetáculo​. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997, 237p.

_________. Perspectivas de modificações conscientes na vida cotidiana (1961). In: BERENSTEIN, Paola Jacques (org.). ​Apologia da deriva​. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003, p. 143 - 152.

_________. ​Potlach (1954-1957)​. Paris: Gallimard, 1996, 292p.

DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. ​O anti-Édipo​. São Paulo: Editora 34, 2ª edição, 2011, 559p.

FRÚGOLI JR, Heitor e SPAGGIARI, Enrico. Da cracolândia aos nóias: percursos etnográficos no bairro da Luz. ​Pontourbe​, 6, 2010. Disponível em: http://pontourbe.revues.org/1870

LEFEBVRE, Henri. ​A re-produção das relações sociais de produção​. Porto:
Escorpião, 1973, 115p.

_________. ​Critique de la vie quotidienne II : Fondements d’une sociologie de la quotidienneté​. Paris: L’Arche Editeur, 1961, 357p.

_________. ​La production de l’espace​. Paris: Anthropos, 4ª edição, 2000, 485p.

_________. ​Lógica formal Lógica dialética​. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975, 301p.

MARTINS, Flávia Elaine da Silva. A produção da escala metropolitana e do seu pesquisador: elementos de ritmanálise. São Paulo: ​GEOUSP - Espaço e Tempo​, Edição Especial, 2009, p. 29 - 39.

_________. Aproximar sem reduzir: as derivas e a pesquisa de campo em geografia urbana. São Paulo: ​GEOUSP - Espaço e Tempo​, nº 15, 2004, p. 139 - 149.

MARX, Karl. ​O capital​, Livro I. São Paulo: Boitempo, 2013, 894p.

NASSER, Marina. Cracolândia como campo de gravitação. ​Pontourbe [Online], 21, 2017. Disponível em: http://journals.openedition.org/pontourbe/3530​; DOI : 10.4000/pontourbe.3530

PERLONGHER, Néstor. ​O negócio do michê​. São Paulo: Brasiliense, 2ª edição, 1987, 275p.

PETRELLA, Guilherme. ​A fronteira infernal da renovação urbana em São Paulo: região da Luz no século XXI, 2017, 412f. Tese de Doutorado, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017​a​.

________. ​Fissuras na renovação urbana da área central de São Paulo: do crack às PPPs na dinâmica imobiliária e urbana da região da luz​, 2017​b​. Disponível em: http://diplomatique.org.br/fissuras-na-renovacao

RESISTE, A Craco. ​Agressões e violações na Cracolândia​. São Paulo, 2017. Disponível em:http://www.ctviva.com.br/blog/wp-content/uploads/2017/05/Agress%C3%B5es-e-Viola%C3%A
7%C3%B5es-na-Cracol%C3%A2ndia.pdf

RUI, Taniele. Nas tramas do crack: etnografia da abjeção​. São Paulo: Terceiro Nome, 2014, 498p.

Downloads

Publicado

06-12-2019

Edição

Seção

GT-9: A produção do urbano: abordagens e métodos de análise