O COLONIALISMO E SEUS DESFAZIMENTOS PELAS PERSONAGENS FEMININAS EM O ALEGRE CANTO DA PERDIZ
Resumo
Na obra de Paulina Chiziane O Alegre Canto da Perdiz as personagens se destacam pelas rupturas que produzem ao longo da obra, a partir das quais novas narrativas se formam e novas histórias se entrelaçam ou se desfazem. Com enfoque em Delfina, esse trabalho propõe analisar sua trajetória como mãe, filha e esposa numa terra colonizada por portugueses que, no ventre da terra e no ventre dessa mulher, deixaram marcas eternizadas. O corpo feminino pode ser apresentado como objeto de transgressão e aversão às regras impostas pelos colonizadores numa terra que se apaga nas tradições a partir da chegada de uma cultura europeizada, mas que resiste a isso por meio dos saberes ancestrais nas figuras do pai de Delfina, do pai espiritual de seu marido José e do curandeiro Simba. Por outro lado, Serafina, mãe de Delfina, sabe do fardo que sua cor carrega nessa terra onde a força branca prevalece e é ela quem desnuda essa realidade para sua filha: “Não sonhes alto que te magoas. Ah, Delfina! Para nós, negras, sonhar alto é proibido.” (CHIZIANE, 2018, p. 79). O trabalho se desenvolverá junto às teorias de Frantz Fanon em Pele Negra, Máscaras Brancas e Aimé Césaire em Discurso sobre o Colonialismo, porém outros textos que forem pertinentes também comporão a teoria.
Palavras-chave: Ancestralidade, Decolonialidade, Racialidade.