“O PASSADO NÃO SE ESQUECE. ADORMECE COMO SEMENTE NO FUNDO DA MENTE. CAI NO SOLO E GERMINA ESPINHOS NO PRESENTE”: ANCESTRALIDADES E MATRILINEARIDADE AFRICANAS EM O ALEGRE CANTO DA PERDIZ, DE PAULINA CHIZIANE

Autores

  • Otávio Klug de Almeida
  • Jurema Oliveira

Resumo

O presente trabalho procura investigar questões e marcas da ancestralidade africana como estratégia de rememoralização dessas concepções, apagadas e silenciadas pelo colonialismo, na construção narratológica das literaturas africanas a fim de inscrever uma perspectiva crítica e endógena sobre os problemas trazidos pela colonização e o fomento de uma consciência cultural para (re)buscar esses valores. A análise vai focalizar a narrativa ficcional intitulada O Alegre Canto da Perdiz, da autora moçambicana Paulina Chiziane. Conjuntamente a esse pilar de investigação, mostra-se profícuo também analisar a representação ficcional que a autora desenvolve baseada na matrilinearidade das antigas sociedades africanas e o conflito gerado pela inserção do patriarcado nessas sociedades por meio da colonização, instaurando a desordem social pelo contato cultural dissidente. Partindo de aportes teóricos como o de Fábio Leite (2008), um dos primeiros antropólogos no Brasil a fazer uma descrição aprofundada da identidade cultural africana através do princípio da ancestralidade; e de Cheikh Anta Diop (1989) e Oyèrónké Oyěyùmí (2004), que estabelecem parâmetros teóricos acerca do tema, apontando exemplos históricos da matrilinearidade como constituinte da mentalidade cultural e social africana, procuraremos alcançar a compreensão do suporte que esses elementos oferecem na construção da narrativa africana enquanto reivindicação de um espaço discursivo que sempre lhe fora negado.

Palavras-chave: Ficção; ancestralidade; matrilinearidade.

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Publicado

27-01-2021

Edição

Seção

GT1 - Africanidades e Brasilidades em Literaturas e Linguística