QUER BRINCAR? REFLEXÕES SOBRE AS INFÂNCIAS NA SOCIEDADE DE CONSUMO
DOI:
https://doi.org/10.22535/cpe.v21i49.26099Resumo
O artigo versa sobre as infâncias contemporâneas, na discussão das transformações sociais que impõem às crianças um cotidiano reduzido de brincadeiras e cerceado da utilização de espaços públicos, cristalizando o aumento da exposição das crianças à televisão e outras tecnologias. Fatores como violência urbana, falta de tempo e as impermanências da vida cotidiana tem se destacado como inibitivos da utilização das cidades, delimitando também brincadeiras coletivas, alterando a cultura e as rotinas das infâncias e impondo as crianças a ocupação de tempos em atividades extras ou de ficarem por períodos prolongados expostas as mídias e, portanto, num franco processo de assédio pela sociedade do consumo. Como pressuposto teórico, o percurso adotado utiliza o suporte teórico dos autores Postman, Corsaro e Sarmento, para discutir as infâncias; Pais e Certeau, acerca do cotidiano, Baudrillard e Bauman, em referência a sociedade de consumo. Como inspiração, utiliza-se dados de uma pesquisa desenvolvida com 425 crianças na cidade de Porto Alegre/RS de onde foi possível a análise de que o impacto da sociedade de consumo nas infâncias é a erosão dos vínculos, a fragilidade das relações e a instabilidade do consumo que, mesmo superdimensionado, não promove o patamar de satisfação, bem-estar e pertencimento às crianças.
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