MATERNIDADE NEGRA E VIDA UNIVERSITÁRIA: A CIRANDA BELLHOOKS E AS MULHERES NEGRAS CAMPONESAS DO MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO DO CAMPO DA UFRB
BLACK MOTHERHOOD AND UNIVERSITY LIFE: CIRANDA BELLHOOKS AND BLACK PEASANT WOMEN FROM THE PROFESSIONAL MASTER'S DEGREE IN RURAL EDUCATION AT UFRB
Resumo
Este trabalho é fruto da etapa de qualificação de projeto apresentado ao Mestrado Profissional em Educação do Campo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Problematizamos que conciliar a maternidade e a vida acadêmica tornou-se uma complexa empreitada para as mulheres, especialmente para as negras e camponesas. Dentre as barreiras, encontram-se o modelo de ensino superior e a ciência moderna, cujas características afastam as mulheres da produção científica, numa sociedade que as submete à dupla (ou tripla) jornada de trabalho. Além disso, as desigualdades atingem com mais força as mulheres negras, cujos corpos são controlados por imagens produzidas para estereotipá-las e naturalizar a cotidiana violência racial e de gênero que sofrem. A ausência de creches e políticas públicas para mães na pós-graduação acentua a violência impingida às mulheres, que acabam por se desestabilizar pelas tensões entre a vida acadêmica e maternidade. O acesso mais tardio ao ensino superior, empregos com menor remuneração qualificação, somam-se à invisibilidade do legado de mulheres negras no campo, por vezes descartando-as como sujeitos de saber e de luta. Assim, este artigo objetiva refletir sobre as relações entre maternidade e vida acadêmica para as mulheres mães negras do Mestrado Profissional em Educação do Campo e, posteriormente, entender como vivenciam a (in) existência de políticas públicas no contexto da pós-graduação. Por meio da pesquisa-ação, construiremos com elas, o Projeto de Ciranda bell hooks, cujo objetivo será oferecer, durante as Etapas de Tempo Universidade, um espaço de formação, de cuidado e de recreação educativa para seus/suas filhos/as.
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