COVID-19: impactos para famílias e serviços de atenção domiciliar em Santa Catarina
Resumo
A pandemia do novo coronavírus provocou mudanças nos serviços de saúde, dentre os quais a Atenção Domiciliar (AD) pois, estes serviços interrompem a transmissão, ao manter as pessoas em casa; identificam, isolam e cuidam dos pacientes infectados precocemente e; disponibilizam leitos hospitalares com a continuidade do cuidado no domicílio e sob a responsabilidade da família.
Neste contexto, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa cujo objetivo geral é caracterizar a organização dos Serviços de Atenção Domiciliar (SAD) vinculados ao Programa Melhor em Casa nos municípios de Santa Catarina no contexto da pandemia de COVID-19 e os impactos desse cuidado para as famílias. A necessidade de aprofundar o estudo dos temas família, cuidado e atenção domiciliar no Sistema Único de Saúde (SUS), determinou o enfoque qualitativo de pesquisa, pois esta possibilita estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas relações sociais. A partir de entrevistas com profissionais das equipes do Programa Melhor em Casa tem-se obtido um panorama da organização do serviço na pandemia de COVID-19 e a noção dos impactos do cuidado domiciliar para as famílias cuidadoras. A pesquisa, em andamento, teve sua aplicação iniciada no mês de setembro de 2021 junto aos municípios de Santa Catarina com serviços de atenção domiciliar.
Os principais resultados levantados, indicam que o Programa Melhor em Casa em Santa Catarina atende majoritariamente pessoas idosas, cujas cuidadoras são familiares e mulheres. As principais alterações com a pandemia foram: reestruturação das equipes para atendimento direto da COVID-19 e pós COVID-19; aumento da demanda de pacientes em função da desospitalização precoce e de usuários fora do público alvo do programa; diminuição dos atendimentos à domicílio e uso de tecnologias da informação visando o distanciamento social. Em relação aos atendimentos com sequelas pós-COVID-19 as principais demandas foram: oxigênio terapia; paliativos pós desentubação; lesões por pressão; fadiga e perda muscular exigindo reabilitação motora e respiratória.
No cenário catarinense observa-se uma rápida expansão dos serviços de atenção domiciliar com a pandemia de COVID-19, pois a partir de 2022 passa-se de 16 para 73 municípios com adesão ao Programa Melhor em Casa. Os serviços foram impactados com a crise sanitária, especialmente na fase inicial da pandemia e relataram mudanças importantes para a organização das famílias atendidas devido a complexificação das necessidades sociais e de cuidado advindas com a COVID-19. As famílias, ao mesmo tempo que possuem o programa como um suporte para o cuidado em casa, são afetadas por novas rotinas e demandas de cuidado que se apresentam, na maioria das vezes, tecnificadas e complexas de serem executadas por cuidadoras/es leigas.