COVID-19: impactos para famílias e serviços de atenção domiciliar em Santa Catarina

Autores

  • Keli Regina Dal Prá Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
  • Michelly Laurita Wiese Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
  • Patrícia da Silva Caetano Prefeitura Municipal de Joinville (SC)
  • Glauco Pereira de Oliveira e Braga Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Resumo

A pandemia do novo coronavírus provocou mudanças nos serviços de saúde, dentre os quais a Atenção Domiciliar (AD) pois, estes serviços interrompem a transmissão, ao manter as pessoas em casa; identificam, isolam e cuidam dos pacientes infectados precocemente e; disponibilizam leitos hospitalares com a continuidade do cuidado no domicílio e sob a responsabilidade da família.

Neste contexto, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa cujo objetivo geral é caracterizar a organização dos Serviços de Atenção Domiciliar (SAD) vinculados ao Programa Melhor em Casa nos municípios de Santa Catarina no contexto da pandemia de COVID-19 e os impactos desse cuidado para as famílias. A necessidade de aprofundar o estudo dos temas família, cuidado e atenção domiciliar no Sistema Único de Saúde (SUS), determinou o enfoque qualitativo de pesquisa, pois esta possibilita estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas relações sociais. A partir de entrevistas com profissionais das equipes do Programa Melhor em Casa tem-se obtido um panorama da organização do serviço na pandemia de COVID-19 e a noção dos impactos do cuidado domiciliar para as famílias cuidadoras. A pesquisa, em andamento, teve sua aplicação iniciada no mês de setembro de 2021 junto aos municípios de Santa Catarina com serviços de atenção domiciliar.

Os principais resultados levantados, indicam que o Programa Melhor em Casa em Santa Catarina atende majoritariamente pessoas idosas, cujas cuidadoras são familiares e mulheres. As principais alterações com a pandemia foram: reestruturação das equipes para atendimento direto da COVID-19 e pós COVID-19; aumento da demanda de pacientes em função da desospitalização precoce e de usuários fora do público alvo do programa; diminuição dos atendimentos à domicílio e uso de tecnologias da informação visando o distanciamento social. Em relação aos atendimentos com sequelas pós-COVID-19 as principais demandas foram: oxigênio terapia; paliativos pós desentubação; lesões por pressão; fadiga e perda muscular exigindo reabilitação motora e respiratória.

No cenário catarinense observa-se uma rápida expansão dos serviços de atenção domiciliar com a pandemia de COVID-19, pois a partir de 2022 passa-se de 16 para 73 municípios com adesão ao Programa Melhor em Casa. Os serviços foram impactados com a crise sanitária, especialmente na fase inicial da pandemia e relataram mudanças importantes para a organização das famílias atendidas devido a complexificação das necessidades sociais e de cuidado advindas com a COVID-19. As famílias, ao mesmo tempo que possuem o programa como um suporte para o cuidado em casa, são afetadas por novas rotinas e demandas de cuidado que se apresentam, na maioria das vezes, tecnificadas e complexas de serem executadas por cuidadoras/es leigas.

 

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Biografia do Autor

Keli Regina Dal Prá, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Docente do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Michelly Laurita Wiese, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Docente do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Patrícia da Silva Caetano, Prefeitura Municipal de Joinville (SC)

Especialista em Saúde pelo Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde (RIMS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Assistente Social da Prefeitura Municipal de Joinville.

Glauco Pereira de Oliveira e Braga, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Mestre em Serviço Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Assistente Social do Núcleo de Assistência Estudantil da UFSC/Blumenau.

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Publicado

13-06-2023