A investida da pandemia da COVID-19 sobre os movimentos sociais
Abstract
1
- Introdução
O presente trabalho é fruto dos resultados obtidos por meio da pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq 2021-2022), em Viçosa, Minas Gerais. Os resultados explicitaram o impacto da pandemia na atuação e continuidade dos movimentos sociais, que tiveram suas estratégias alteradas em um cenário inédito de acirramento da correlação de forças, marcado por uma crise sanitária que revelou e acentuou as diversas contradições presentes no cotidiano social. Objetiva-se se debruçar sobre estas modificações, analisando as estratégias das organizações sociais frente ao avanço dos impactos do capital nesta conjuntura. De caráter exploratório e qualitativo, situou-se sob vista de uma sociedade que obedece aos ditames do capital, o que apresenta mudanças na forma de sociabilidade. Foi utilizada uma análise documental e entrevistas semiestruturadas com participantes dos movimentos, que foram codificados por letras, de amostra não probabilística. Para a análise de dados foi realizado um agrupamento e categorização de modo a encontrar padrões relevantes. Utilizou-se principalmente a perspectiva de Gohn (1997), sob o quadro do materialismo histórico-dialético.
2 Desenvolvimento
Foram identificados 32 movimentos, e três deles se encontravam findados ou inativos em decorrência da pandemia, deflagrando-se como o principal estopim. Para o entrevistado A: “A pandemia desarticulou o grupo, limitou a participação e mobilização em virtude da baixa adesão às tecnologias e até mesmo aos recursos financeiros”. Das dificuldades enfrentadas, dos 31 participantes entrevistados, 12,9% afirmaram ligação direta com a pandemia. Comprovando o caráter avassalador da crise sanitária da COVID-19, grande parte dos participantes afirmaram que o nível de impacto na atuação dos movimentos foi alto, exigindo novas posturas e ações, alterando a dinâmica interna das organizações. Como alternativa, os movimentos, em sua maioria, optaram pela atuação de forma remota. As redes sociais foram destaque de alcance, trazendo a possibilidade de ampliar a mobilização. Porém, tem-se uma exaustão extrema no que diz respeito aos desgastes trazidos pelos meios de comunicação, assim como a inacessibilidade de alguns grupos, como as organizações de comunidades quilombolas, que tiveram grande dificuldade de acesso, devido às suas individualidades.
3 ConclusãoEm vista às questões supracitadas, os movimentos sociais sofreram grandes alterações em suas atividades em resposta à crise sanitária. Em um cenário de extrapolação das contradições do capital, em um movimento onde as organizações societárias tiveram suas continuidades defrontadas frente ao avanço neoconservador e ultraneoliberal. Portanto, a luta cotidiana e o fortalecimento dos movimentos sociais se demonstra enquanto um imperativo para alterar o atual cenário de barbárie.
Palavras-chave: Movimentos sociais. Pandemia. Sociedade.
Keywords: Social movements. Pandemic. Society.
Referências
GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais na contemporaneidade. Revista brasileira de Educação, v. 16, p. 333-361, 2011.
GOHN, Maria da Glória. Teoria dos Movimentos Sociais: Paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo, 1997.