A importância das práticas educativas para universalização da triagem neonatal
Resumen
O presente trabalho objetiva ilustrar a importância das práticas de educação em saúde para universalizar a cobertura da triagem neonatal, teste do pezinho, no país. Para tal, utiliza-se de dados parciais da pesquisa Teste do pezinho: determinantes para a não adesão, aprovada pelo Comitê de Ética da Fundação Hemominas em 2016, a qual buscou desvelar a razão para a não realização do teste, em pessoas nascidas após março de 1998 e com diagnóstico tardio de hemoglobinopatia. Tal recorte temporal revela o período inicial da investigação de hemoglobinopatia pela triagem neonatal em Minas Gerais.
Neste estudo, procurou descobrir o conhecimento das famílias sobre o teste do pezinho na época do nascimento da criança/adolescente. Foram 15 entrevistados, dentre pais, mães e responsáveis, dos quais 7 ou 46,7%, informaram desconhecer o teste do pezinho, 3 ou 20%, praticamente não conheciam ou “não sabiam muito” e 5 ou 33,3%, informaram que tinham conhecimento sobre o mesmo. Portanto, 10 ou 66,7% dos entrevistados não conheciam muito sobre o teste do pezinho ou nada conheciam, naquela época.
Notamos, dentre aqueles que disseram conhecer o teste, que as informações mais prevalentes foram: a obrigatoriedade de sua realização (ilustrada pelas falas: “[...] tem que fazer” e/ou “[...] sabia que tinha que fazer”) e o diagnóstico expresso pelo mesmo (“[...] várias doenças poderiam ser descobertas” e/ou “[...] descobrir determinada doença”).
O estudo científico de Bordignon, et al. (2016), evidenciou os conhecimentos das mães em relação ao Programa de Triagem Neonatal, através do método de revisão integrativa da literatura. Os achados desse estudo vão ao encontro do que os dados acima expostos mostraram, já que
[...] percebeu-se [...] [que] as puérperas possuem baixo nível de compreensão a respeito da TN [Triagem neonatal]. Elas até mesmo detêm algum tipo de informação, no entanto dispõe de um conhecimento superficial. Foi grande o número de mães que associaram a triagem a um exame para descobertas de doenças ou anormalidades quaisquer (BORDIGNON et al., 2016, p. 225).
Essas descobertas científicas nos remetem à discussão da imprescindibilidade da prática da educação em saúde no processo de universalização da triagem neonatal, “[...] pois permite que as mães atuem como agentes promotoras do crescimento e desenvolvimento de seus filhos” (BORDIGNON et al., 2016, p. 226).
É importante destacar que ao falarmos em educação em saúde, estamos nos referindo a práticas que consideram a saúde como processo histórico e social, onde se estimula a participação social e se abre espaços ao diálogo com o saber popular. Essa concepção apresenta o reconhecimento do universo cultural dos educados, o estímulo à crítica e à reflexão como elementos essenciais de uma pedagogia libertadora (ASSIS, 1998). Assim, nos afastamos de perspectivas conservadoras e reducionistas dos problemas sociais e reafirmamos a saúde como um direito.
Para Assis (1998) a finalidade da ação é, através do aumento das potencialidades, criar condições favoráveis para que os indivíduos possam eleger, de forma consciente e informada, comportamentos em saúde vista no enfoque educativo. Na busca pela adesão, dos pais, e, consequentemente, universalização da triagem neonatal, as práticas de educação em saúde devem integrar o cotidiano do atendimento dos profissionais de saúde no processo de acompanhamento das gestantes, fazendo parte dos atendimentos de toda a equipe multiprofissional, que, por sua vez, promoverá a socialização das informações através das orientações reflexivas.
Palavras chave: Educação em Saúde. Triagem Neonatal. Participação Social.
Referências
BOURDIGNON, J. S. et al. Conhecimento das mães acerca do teste do pezinho. Revista de Saúde Pública do Paraná, Londrina, v.17, n. 2, p. 220-228, dez. 2016.
ASSIS, M. Educação em saúde e qualidade de vida: para além dos modelos, a busca da comunicação. Rio de Janeiro: UER/IMS, 1998. (Série Estudos em Saúde Coletiva, 169).