Avaliando o Programa Humanização no Trânsito do Detran (ES)

Autores

  • Jéssica Dias Castilho
  • Andrea dos Santos Nascimento

Resumo

Trata-se de uma pesquisa que envolveu uma avaliação do programa piloto “Humanização no Trânsito e formação de agentes multiplicadores” desenvolvido pelo Núcleo de Atendimento e Reintegração Psicossocial às Vítimas de Trânsito e seus Familiares (Narptran) do Detran|ES no ano de 2014. O programa, na modalidade curso, foi realizado em parceria com a Vara de Execuções Penais e Medidas Alternativas (Vepema) como forma de Prestação de Serviço a Comunidade (PSC) por meio da educação de trânsito para motoristas infratores. O projeto do curso surgiu como uma possibilidade de aplicação da pena para aqueles que de alguma forma infringiram as leis de trânsito, com o objetivo de promover a responsabilidade sobre os atos infracionais; educar sobre o trânsito, via pública e as questões concernentes à mobilidade; abrir espaço de discussão, e capacitar agentes multiplicadores para a educação de trânsito. Este projeto foi desenvolvido ao longo de 11 (onze) encontros, totalizando 32 (trinta e duas) horas. Incluído no contexto de política pública para o trânsito, foi necessária a realização de uma avaliação para mapear os impactos efetivos deste projeto (positivos e negativos), a partir dos participantes, público-alvo, do programa. O objetivo era levantar informações acerca do programa e também a indicação de possíveis melhorias. Para isso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com cinco, de nove, participantes do curso, aproximadamente um ano após a realização do curso. Tal medida foi necessária para identificar suas experiências de aprendizagem, possíveis mudanças de comportamento no trânsito, críticas ao projeto e as sugestão de melhorias. A idade média dos participantes deste estudo foi de 48,6
1 Mestranda em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail: <jessicadcastilho@gmail.com>.
2 Professora Dra. do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail: <andreanas@gmail.com>.
5º Encontro Internacional de Política Social
12º Encontro Nacional de Política Social
Tema: “Restauração conservadora e novas resistências"
Vitória (ES, Brasil), 5 a 8 de junho de 2017
Anais do 5º Encontro Internacional de Política Social e 12º Encontro Nacional de Política Social
ISSN 2175-098X
2
anos, todos do sexo masculino que tinham sido encaminhados para a PSC por terem sido abordados por blitzen, dirigindo sob efeito de substância psicoativa. As entrevistas foram analisadas por meio da análise de conteúdo proposta por Bardin. Os principais resultados levantados apontaram sobre: 1- interação do grupo: a forma como os encontros foram pensados pelas executoras do programa, serviu para a compreensão das histórias alheias e a, os participantes avaliaram que troca de experiência foi positiva para o processo; 2 – aprendizagem: a forma que o curso foi estruturado permitiu a ampliação de conhecimentos sobre o trânsito; 3 - mudanças de comportamento: os participantes trouxeram relatos que apontavam mudanças qualitativas em sua forma de perceber e agir quanto estão no trânsito. Esse fato foi avaliado como positivo pelos participantes, principalmente em relação ao comportamento de não ingestão de álcool antes da direção automotiva, a importância da manutenção do uso de cinto segurança, e o respeito aos diversos usuários da via; e, por fim, 4- a multiplicação de conhecimentos adquiridos no programa: os participantes avaliaram que os conhecimentos passados pelo curso puderam ser aproveitados em outros ambientes, tais como em suas famílias e em seu trabalho. A maior ênfase foi dada acerca da importância da segurança no trânsito e respeito às leis de trânsito. As sugestões apresentadas para o projeto pelos participantes foram basicamente três: a) de que este se tornasse permanente, servindo a todos os condutores envolvidos em infrações de trânsito; b) que a temática dos Direitos Humanos fosse mais bem explorada pelos executores do curso e, c) de que houvesse uma apresentação audiovisual mais dinâmica, o que facilitaria ainda mais o aprendizado. Por se tratar de um projeto piloto, e ainda com poucos participantes, é necessário que novas iniciativas como essa sejam tomadas pelo poder público de forma a levar a discussão sobre o espaço público para os condutores infratores. Apesar dos participantes apontarem os aspectos positivos do programa, após um ano decorrido do curso, é necessário que se estabeleça, e que sejam implementados novos projetos como parte de uma política pública de habilitação de condutores, através da expansão e realização de novas turmas, bem como o investimento em outros programas de educação para o trânsito.
Palavras-chave: Avaliação; Educação de Trânsito; Prestação de Serviço a Comunidade.

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Publicado

08-08-2017