Oficinas de Direitos nas Cozinhas Solidárias do MTST: uma experiência extensionista

Autores/as

  • Aiene Britto Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)
  • Bruna Regazzi Teixeira da Costa Mattos Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)
  • Bruno José da Cruz Oliveira
  • Estela da Silva Lima Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)

Resumen

Com a implementação do Neoliberalismo a partir da década de 1990, as contradições socioespaciais e econômicas ampliaram-se aprofundando a concentração fundiária urbana. Com ela outros atores emergiram como forma de denúncia e reivindicação do direito à moradia digna. Esse foi o contexto de surgimento do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) que ao longo dos anos subsequentes converteu-se no principal movimento social urbano brasileiro. Em paralelo com a luta pela efetivação do direito à moradia, o MTST assumiu a partir de 2020 a pauta do combate à insegurança alimentar e nutricional. Atualmente existem cerca de 26 Cozinhas Solidárias espalhadas pelo Brasil.

  O Projeto de Extensão “Oficinas de Direitos nas Cozinhas do Solidárias” passou a ser desenvolvido ao longo do ano de 2022, tendo como principal espaço de atuação a Cozinha Solidária da Lapa, localizada no Centro da Cidade do Rio de Janeiro. Ao longo da nossa atuação, percebemos que a Cozinha Solidária da Lapa registrava uma série de peculiaridades. Além de não estar localizada numa região de periferia urbana, os seus principais frequentadores eram moradores em situação de rua. Esse perfil, ao contrário do que pode sugerir a expressão “sem teto” reivindicada e utilizada pelo movimento, não costuma ser o público-alvo das ações do MTST.

Com efeito, elaboramos uma forma de abordagem que foi nomeada como “Café da Fila” que ocorre todas as quartas-feiras. Os frequentadores da cozinha costumam marcar os seus lugares na fila durante a manhã e é nesse momento que nós oferecemos café e água para estabelecermos um diálogo com os mesmos que tem como objetivo nos apresentar e conhecer um pouco das suas histórias pessoais. Outra iniciativa é a aproximação com a pauta de luta da população em situação de rua. No dia 19 de agosto celebra-se o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua no Brasil. A data visa a rememorar o assassinato de moradores de rua que aconteceu em 2004 na qual foram assassinadas 7 pessoas que estavam dormindo nas imediações da Praça da Sé em São Paulo. Como forma de inserirmos as nossas ações nesse contexto, articulamos junto ao MTST, o Centro do Teatro do Oprimido, o Movimento Unido dos Camelôs e o Movimento dos Pequenos Agricultores com o apoio de sindicatos locais um dia de atividades culturais e distribuição de refeições e kits de higiene no dia 17 de agosto de 2022.

Seguimos no presente ano com a nossa atuação junto à Cozinha Solidária da Lapa com o objetivo de contribuir para que o movimento continue desenvolvendo tecnologias sociais de produção de sujeitos coletivos. Certamente, pelas peculiaridades que nela se apresentam, será necessária a manutenção das ações junto à população em situação de rua ao mesmo tempo em que buscaremos ampliar os parceiros para a dinamização dessas iniciativas e a produção de resultados político-organizativos ainda mais profícuos. 

 REFERÊNCIAS

 BOULOS, Guilherme. “Porque ocupamos? Uma introdução à luta dos sem-teto”. Scortecci, São Paulo, 2012.

CUBA, Laís e PASSOS, Camila. O trabalho para população de rua: a visão de militantes do Movimento Nacional da População de Rua. SP: Clube de Autores, 2022.

CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. São Paulo: Ática, 1995.

HARVEY, David. Cidades Rebeldes: Do Direito à cidade à Revolução Urbana. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

MARICATO, Ermínia. Para entender a crise urbana. São Paulo: Expressão Popular, 2014.

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Biografía del autor/a

Aiene Britto, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)

Estudante de Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Bruna Regazzi Teixeira da Costa Mattos, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)

Estudante de Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Bruno José da Cruz Oliveira

Professor Associado I da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Estela da Silva Lima, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)

Estudante de Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Publicado

13-06-2023