O trabalho da/o assistente social no contexto da COVID-19
Resumen
Este estudo é o resultado das reflexões de um grupo de mulheres, assistentes sociais, pesquisadoras do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS) da UFPA que atuaram em diferentes espaços sócio-ocupacionais durante a pandemia da COVID-19. O trabalho traz um esforço coletivo de discutir e refletir, a partir da teoria social crítica, acerca do trabalho da/o assistente social neste momento pandêmico.
Analisar o trabalho da/o assistente social no contexto da pandemia da COVID-19 torna-se essencial para compreender e interpretar os impactos das expressões da questão social no estado capitalista contemporâneo. A reflexão proposta neste estudo revela a intensificação das expressões da questão social já vivenciadas neste modo de produção capitalista e que na pandemia, intensificou a desigualdade social, a miséria, o desemprego estrutural, o subemprego e a informalidade (ANTUNES, 2020).
Frente a estes agravos sociais, o país vivenciou uma gestão negacionista que pouco atendeu as recomendações[1] da Organização Mundial da Saúde (OMS) contra a COVID-19, contestou a eficácia da ciência, inferiorizou a gravidade do vírus (“gripezinha”), discursou movimentos anti-vacinas e aglomerou multidões durante o isolamento social.
É nesse contexto de regressões sociais e dos agravos com os impactos da COVID-19, que o Serviço Social atua na linha de frente das políticas sociais e nas diversas expressões da questão social. Segundo Iamamoto (2008), a profissão, insere-se na divisão social e técnica do trabalho, sendo uma especialização do trabalho coletivo e partícipe do processo de produção e reprodução das relações sociais, configurando-se como trabalhadora/or assalariada/o, estabelecendo uma relação de compra e venda da sua força de trabalho que se organiza diante das exigências do processo de acumulação capitalista.
Neste cenário as/os assistentes sociais enfrentaram e enfrentam dificuldades na atuação profissional, pois devido a ausência de infra-estrutura adequada, e de equipamentos de proteção individual e coletiva (EPI e EPC), profissionais foram expostos aos riscos de contágio e, consequentemente, de propagação do vírus, pondo em risco a saúde pública e a sua própria vida. Diante de tais riscos e questionamentos das/os assistentes sociais foi publicizado pelo CFESS (2020) documentos intitulados: CFESS Manifesta e o Parecer Jurídico N. 5/2020, que abordam sobre os impactos do Coronavírus no trabalho do/a assistente social e sobre a ausência de EPI’s para assistentes sociais.
Por fim, observa-se que durante a pandemia a categoria de assistentes sociais enfrentou diversos desafios, vivenciando várias formas de precarização do trabalho, sob a égide do não trabalho, com ausência de investimentos nas políticas públicas, com trabalhos cada vez mais precarizados e para além disso, no serviço social requisições institucionais para além das competências e atribuições privativas da profissão. Portanto, nesta conjuntura os movimentos e atos de resistência são essenciais para travar uma luta contra as tendências à ordem hegemônica do capital em defesa da vida, da ciência, da implantação de políticas sociais e da garantia dos direitos humanos.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Ricardo. Coronavírus: o trabalho sob fogo cruzado. São Paulo: Boitempo, 2021. E-book. (Coleção Pandemia Capital).
IAMAMOTO, Marilda. Serviço Social em Tempo de Capital Fetiche. Capital Financeiro e Questão Social. São Paulo: Cortez Editora. 2007.
CFESS. CFESS Manifesta. Os impactos do Coronavírus no trabalho do/a assistente social. Brasília (DF), 2020. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/2020CfessManifestaEdEspecialCoronavirus.pdf. Acesso em: mar. 2022.
CFESS. Emissão de PARECER JURÍDICO No 05/2020-E que trata sobre a Ausência de Equipamentos de Proteção Individual – EPI para assistentes sociais. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/Cfess-ParecerJuridico05-2020-E-EPI.pdf. Acesso em: 15 jun. 2021.
[1] Informações extraídas da matéria no site: https://www.agazeta.com.br/es/politica/COVID-19-14-vezes-em-que-bolsonaro-apareceu- sem-máscara-em-aglomeracoes-0521. Acesso em: 17 jun. 2021.