O trabalho profissional da(o) assistente social e o desgaste mental

Autores/as

  • Bianca Arnaud Universidade Federal do Pará (UFPA)
  • Mylvia Kikuchi Universidade Rural da Amazônia (UFRA)
  • Vera Lúcia Batista Gomes Universidade Federal do Pará (UFPA)

Resumen

Este trabalho tem por base os resultados parciais de uma pesquisa, em andamento, sobre o trabalho profissional da(o) assistente social e o desgaste mental, a qual subsidiará a elaboração da dissertação de mestrado de uma das autoras deste, discente do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social/Universidade Federal do Pará (PPGSS-UFPA). É tributário, também, de estudos, pesquisas e debates que vêm sendo realizados no Grupo de Estudos e Pesquisas Trabalho, Estado e Sociedade na Amazônia (GEP-TESA), do qual as autoras desta comunicação são integrantes.

Entende-se que analisar o trabalho profissional da(o) assistente social e a sua relação com o desgaste mental constitui-se necessário, devido a constatação de que nas últimas décadas, vem ocorrendo um novo metabolismo social do trabalho que tem implicado não, somente, em novas formas de consumo da força de trabalho, mas, também, no modo de desconstituição do ser genérico humano (ALVES, 2013). Trata-se, então, de profundas mudanças no mundo do trabalho provocadas pela crise estrutural do capital.

Partindo desse princípio, Faerman e Melo (2016) destacam que se amplia a discussão sobre o sofrimento e o adoecimento de profissionais do Serviço Social, devido ao processo de mercantilização da força de trabalho na sociedade contemporânea e as modificações nos espaços ocupacionais das(os) assistentes sociais que dão ênfase à precarização, flexibilização e terceirização do trabalho. Além do mais, a adoção da gestão gerencialista, no contexto de crise do capital, avança e permeia as relações de trabalho não somente nas organizações privadas, mas, também, nas políticas de Estado, apresentando-se como empresariamento do trabalho (RAICHELIS, 2020). 

A forma de gestão gerencialista causa impactos nas relações de trabalho da(o)s assistentes sociais que são, em sua maioria, trabalhadora(e)s de órgãos da administração pública e que sofrem com a reforma neoliberal do Estado (SILVA e RAICHELIS, 2015). Nesse ínterim, são instituídos mecanismos de controle de produtividade, com a definição de metas para serem alcançadas pela(o)s trabalhadora(e)s, o que impõem a intensificação do trabalho, o aumento da jornada de trabalho, provocando, assim, o adoecimento da classe trabalhadora em geral e, em particular da(o)s assistentes sociais (FAERMAN, MELLO, 2016). 

Sendo assim, os impactos desse processo na subjetividade da(o)s trabalhadoras(es), na perspectiva de Laurell e Noriega (1989, p. 110), estão postos por meio de uma interação de elementos “que interatuam dinamicamente entre si e com o corpo do trabalhador que se traduzem em desgaste mental entendido como perda de capacidade potencial ou efetiva corporal e psíquica”. Assim, a saúde do trabalhador está intrinsecamente relacionada às suas condições e relações de trabalho que podem levar à uma fragilização da mesma. Contudo, importa ressaltar que o processo saúde-doença não acontece de maneira igual para todas(os), os fatores genéticos, emocionais e de vida condicionam de maneira distinta para cada indivíduo (FAERMAN, MELLO, 2016).

REFERÊNCIAS

FAERMANN, Lindamar Alves; MELLO. As condições de trabalho dos assistentes sociais e suas implicações no processo de adoecimento dos profissionais. Revista Textos & Contextos, Porto Alegre, v. 15, n.1, p. 96 -113, jan./jul. 2016.

LAURELL, A. C; NORIEGA, M. Processo de produção e saúde: trabalho e desgaste operário. São Paulo: Hucitec, 1989.

RAICHELIS, Raquel; SILVA, Ociana D. de. O Assédio moral nas relações de trabalho do(a) assistente social: uma questão emergente. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 123, p. 582-603, jul./set. 2015.

RAICHELIS, Raquel. As Atribuições e competências profissionais à luz da “Nova” morfologia do Trabalho. Brasília (DF): CFESS, 2020.

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Biografía del autor/a

Bianca Arnaud, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Mestranda do Programa de Pós-graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Pará (PPGSS UFPA). Membro do GEP-TESA.

Mylvia Kikuchi, Universidade Rural da Amazônia (UFRA)

Mestranda do Programa de Pós-graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Pará (UFPA). Assistente social da Universidade Rural da Amazônia (UFRA). Membro do GEP-TESA.

Vera Lúcia Batista Gomes, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Assistente social. Mestre em Serviço Social pelo Programa de Pós-graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Pará (PPGSS/UFPA). Doutora em sociologia do trabalho pela Université de Picardie “Jules Verne” Amiens France. Docente do curso de graduação e pós-graduação em Serviço Social da UFPA, PQ2-Bolsa Produtividade CNPQ, líder do GEP-TESA/PPGSS/UFPA.

Publicado

13-06-2023