Iniciação à pesquisa: contribuições para a formação em Serviço Social
Resumo
O presente trabalho aborda a experiência dos/as autores/as com o processo de iniciação à pesquisa, durante a graduação, elucidando sua importância para a construção de um perfil profissional crítico, alinhado às Diretrizes Curriculares da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social/ABEPSS. Esta experiência de pesquisa teve fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais/FAPEMIG e objetivava conhecer o que os/as estudantes de Serviço Social da Universidade Federal do Triângulo Mineiro/UFTM pensavam acerca da dimensão político-organizativa na formação profissional.
A experiência de iniciação à pesquisa, durante a graduação em Serviço Social na UFTM, foi fundamental para o processo de construção da identidade profissional, alinhada à direção social hegemônica da profissão. Destacamos isso compreendendo os pilares que dão materialidade ao Projeto Ético-Político profissional, gestado no âmago profissional e que vem sendo maturado nas últimas décadas pela categoria em todo país.
Sobre estes pilares de sustentação do projeto profissional hegemônico do Serviço Social brasileiro, Braz (2008) elucida que eles se dão de forma articulada e que são estas três dimensões que garantem a materialidade ao Projeto Ético-Político profissional, a saber: I) a dimensão da produção de conhecimentos no interior do Serviço Social; II) a dimensão político-organizativa da categoria e III) a dimensão jurídico-política da profissão.
Compreendendo a significância de tais dimensões no processo de materialidade deste projeto profissional, chamamos a atenção para a dimensão da produção de conhecimentos no interior do Serviço Social: fomentar a pesquisa em todos os âmbitos da profissão, sistematizar e desenvolver reflexões acerca das experiências cotidianas do trabalho profissional – articulando-as com a conjuntura e levando em consideração os determinantes sócio históricos e ideo-políticos – são alguns dos exemplos do processo de construção do conhecimento no Serviço Social, os quais não se restringem à academia.
Nessa direção, ressaltamos que o processo de iniciação à pesquisa durante a graduação é imprescindível para a construção da identidade profissional, alinhada às Diretrizes Curriculares da ABEPSS, bem como para fomentar a dimensão investigativa – extremamente necessária para atuação do/a Assistente Social que tem compromisso com o Projeto Ético-político Profissional.
A escolha e delimitação do objeto desta pesquisa de iniciação à pesquisa, seu deu através da participação orgânica dos/as pesquisadores/as no movimento estudantil de Serviço Social. Tal experiência nos possibilitou um aprofundamento teórico fortalecendo a da dimensão político organizativa do Serviço Social.
A inquietação surgida no âmbito do movimento estudantil que nos levou ao desenvolvimento da pesquisa, contribuiu para a qualificação de nossa atuação política no próprio movimento. Deste modo, nos permitiu transcender o caráter reivindicatório tão presente na militância, articulando a mesma, com formação política e a construção do conhecimento por meio da pesquisa, assim pudemos visualizar a práxis.
Todavia, á que se considerar os elementos que obstaculizam o acesso à pesquisa durante o processo de formação profissional, haja vista os moldes da educação brasileira, bem como os impasses conjunturais que tem promovido o sucateamento do Ensino Superior nos últimos tempos. A pesquisa percebida como processo de construção do conhecimento não é algo fomentado ao longo da nossa formação acadêmica, sobremaneira em instituições privadas, que exercem a função de serem garantidoras apenas do ensino, esquecendo-se a pesquisa e a extensão, ofertando, assim, uma formação precarizada e ratificando a perspectiva de fragmentação entre essas dimensões – o que dialoga com o perfil arcaico de educação que vigora no Brasil.
Compreendemos que a iniciação à pesquisa nos apresenta enquanto um desafio, principalmente se visualizarmos numa perspectiva de construção de conhecimento, a mesma se apresenta como via de resistência diante de tantos obstáculos imperados para a sua efetividade, e no processo de materialidade do projeto ético-político do Serviço Social, como via de fortalecimento e defesa do legado crítico construído pela profissão nas últimas décadas.