Ocupar e Resistir! Ocupações estudantis frente ao conservadorismo

Autores

  • Sara Daltro Tavares Paiva
  • Stephanne Margalho dos Santos
  • Rafael Rodrigues Pantoja de França

Resumo

Resumo: O conservadorismo é parte estruturante da sociedade capitalista e se perpetua na mesma através de valores e costumes enraizados pelas tradições, acompanhando a dinâmica social e se atualizando, incorporando novas formas de disseminação nas relações sociais, dependendo do contexto histórico. Assim, as ocupações estudantis ocorridas no ano de 2016 se apresentaram como formas de resistência a este processo e aos ataques do Governo Temer aos direitos sociais, civis e políticos. Para isso, o presente estudo se propõe a uma revisão bibliográfica sobre essa forma de resistência no âmbito do movimento estudantil, organização e legado. Para tanto, realizaremos uma aproximação ao método crítico-dialético, partindo de uma visão de totalidade da realidade social.

Em tempos de crise do capital a tendência é que o conservadorismo se acentue, explicitando o seu ódio de classe, racismo, xenofobia, LGBTfobia, dentre outros. (Barroco 2015). O conservadorismo, então, se apresenta como aliado na luta para a aprovação de uma série de medidas propostas pelo atual governo, caracterizadas como desmonte de direitos, a exemplo das reformas Trabalhista, da Previdência e do Ensino Médio, bem como a PEC 55, que dentre outras medidas previa o congelamento dos gastos públicos por 20 anos. Em 2015 os estudantes secundaristas de São Paulo já iniciavam o processo de ocupação das escolas estaduais se contrapondo à proposta da secretaria de educação que pretendia a segmentação das instituições e o fechamento de cerca de 94 escolas. Segundo a UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) foram 200 escolas ocupadas em um mês. No ano seguinte, materializou-se as ocupações de escolas e IFES em todos os Estados brasileiros, que tinham como pauta em comum a revogação da reforma do ensino médio, trabalhista e da previdência, a escola sem partido e a PEC 241/55. Ademais também lutavam pela melhoria e permanência do ensino público, gratuito e de qualidade, perpassando pela luta contra o avanço do conservadorismo e das formas de opressão presentes nas medidas adotadas pelo atual governo. 

Assim, a estruturação das ocupações se deu na contra mão da lógica conservadora do Estado neoliberal, o qual reforça o individualismo, a competição, a apatia para com a questões políticas e a moralização das expressões da Questão Social. Pelo contrário, admitindo as contradições e conflitos existentes em todos os processos, as ocupações, de modo geral, se deram de maneira coletiva e plural, em instituições como escolas e universidades que historicamente são hierarquizadas e não adotam um modelo de educação efetivamente participativa, tampouco proporcionam espaços para que estes estudantes participem organicamente de processos decisórios dentro e fora das instituições.

Portanto, embora as ocupações tenham acabado, há que se ressaltar os legados deixados pela mesma, salientando que apesar de algumas medidas do governo terem avançado, foi uma resposta a nível nacional e histórica que demarca a posição das/os estudantes contra os ataques aos direitos historicamente conquistados, contrapondo a ideia de passividade e mostrando uma outra forma de resistência frente ao conservadorismo, que na atualidade se apresenta acentuada. Além disso, exercitar a cidadania é primordial para se enxergar enquanto sujeito político, não apenas restrito ao voto, mas também como participante do processo de luta pela ampliação e garantia de direitos sociais, políticos e civis, ocupando espaços e resistindo contra as novas faces do conservadorismo.

 

REFERENCIAS

 

BARROCO, Maria Lúcia. Não passarão! Ofensiva neoconservadora e Serviço Social. Serviço Social & Sociedade, 2015.

 

TORO, A. José Bernardo; WERNECK, Nísia Maria Duarte. Mobilização social:" um modo de construir a democracia e a participação". Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Amazônia Legal: Secretaria de Recursos Hídricos: ABEAS: UNICEF, 1997.

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Publicado

08-08-2017