Nietzsche e a metafísica de artista
Apropriações de fórmulas kantianas, schopenhauerianas e pré-socráticas em O nascimento da tragédia
DOI:
https://doi.org/10.47456/en.v14i1.39153Palavras-chave:
metafísica, imanência, filosofia crítica, filosofia pré-socráticaResumo
Em seu livro de estreia, O nascimento da tragédia, Nietzsche apresenta aquilo que entende por uma metafísica da arte ou metafísica de artista. Como fica esclarecido ao longo do argumento desenvolvido na obra, seu propósito é propiciar uma justificação da existência e do mundo como fenômeno estético. O caminho à sua metafísica passa pela interação com fórmulas kantianas e schopenhauerianas, e por um profundo diálogo com a cultura grega em geral e, de modo indireto, com o pensamento pré-socrático. O propósito deste artigo é delimitar as retenções e deslocamentos da tradição crítica em seu livro de 1872 e acentuar a importância da interlocução com o repertório cultural grego na formação de sua metafísica de artista. Em particular, a hipótese de trabalho é que Nietzsche encontra, nessas aproximações e apropriações das tradições filosóficas crítica e arcaica, a possibilidade de uma metafísica imanente no contexto pós-kantiano, elaborada como uma fisiologia (em sentido antigo) com viés estético.
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