Dionísio e o mistagogo

Apontamentos sobre a questão do parricídio filosófico

Autores

  • Eduardo Ribeiro da Fonseca PUC-PR

Resumo

Em Schopenhauer, o sofrimento existencial ligado à recorrência do desejo cessa apenas, parcialmente, nos momentos de contemplação artística, ou, de modo mais amplo e profundo, na negação (Verneinung) da Vontade. Isto se traduz na condenação ética ao aspecto compulsivo da atividade da Vontade. Em Nietzsche, inversamente, a intensificação é parte da referência comum aos impulsos (Triebe) por poder, pois estes até mesmo buscam o que lhes resiste, formando soluções de compromisso e combatendo entre si, restando também uma possibilidade de refinamento dos alvos dos impulsos. A diferença em relação ao inevitável sofrimento admitido por ambos é que Nietzsche se recusa à compaixão e à negação da Wille zum Leben. A questão que analisamos neste artigo é se, apesar disso, não haverá alguma injustiça na visão de Nietzsche acerca de Schopenhauer, precisamente no que concerne ao fato do primeiro ser a fonte originária do pensar acerca dos impulsos inconscientes, e em que medida, apesar do “parricídio” em relação ao grande mestre de sua juventude, Nietzsche não terá preservado involuntariamente em sua filosofia muito mais de Schopenhauer do que poderia admitir.

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Biografia do Autor

Eduardo Ribeiro da Fonseca, PUC-PR

Doutor em Filosofia Moderna e Contemporânea pela Universidade de São Paulo (USP), professor de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)

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Publicado

06-03-2023

Edição

Seção

Artigos