Transvaloração de todos os valores e nova era trágica na perspectiva de Nietzsche

Autores

  • Miguel Angel de Barrenechea Unirio

Resumo

Neste artigo, a proposta é analisar a tese nietzschiana de que a humanidade, após um período de longo declínio de dois séculos de pessimismo e niilismo, chegaria a uma fase afirmativa que Nietzsche denomina “nova era trágica”.Ao assumir o papel de “médico da civilização”, o filósofo diagnostica que o Ocidente percorreu um percurso de deslumbramento com fantasias metafísicas. Durante milênios, o Ocidente acreditou em promessas de “além-mundo”, fabulando que haveria um mundo melhor que a Terra, em âmbito inteligível, situado num utópico além-mundo. Contudo, essas fantasias foram, aos poucos, se esgotando.  A partir desse esgotamento da crença no mundo inteligível, o homem paulatinamente caiu na descrença, no desânimo, na sensação de que nada teria sentido, de que nada teria significado ao não existir esse utópico mundo transcendente. Nietzsche detecta, então, o pathos niilista que irá dominar o homem moderno que já não acredita em nada. Perante isso e diante dessa situação de declínio, doença e esgotamento vital, o filósofo prognostica que será possível ultrapassar esse momento niilista. O homem não esquecerá as forças trágicas, oriundas dos primórdios da história; pese ao domínio milenar da fantasia metafísica, opáthos trágico, que celebrava todas as forças terrestres, sempre esteve na espreita, na memória do ser humano. Assim, será possível a transvaloração de todos os valores, o ultrapassamento desse momento epigonal. Haverá, conforme antevê o filósofo, uma mudança radical de valores; novamente os valores trágicos serão afirmados em uma nova era trágica. Enfim, este trabalho pretende refletir sobre a perspectiva nietzschiana que anuncia uma nova era trágica, em que todos os valores serão transvalorados; em que os valores tornarão a afirmar a existência de forma irrestrita.

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Biografia do Autor

Miguel Angel de Barrenechea, Unirio

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (UFRJ/IFCS), professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO),

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Publicado

06-03-2023

Edição

Seção

Artigos