n. 8 (2008)

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O objeto estético — aquele que se coloca aos sen­tidos, bem como o objeto artístico (uma convenção da cultura) — sempre exerceu um fascínio e curiosidade quanto a sua gênese e ao seu funcionamento, assim como, tudo o que gira em torno da criação de uma obra ou da vida de artistas. Como resultado disso, se tem um grande número de biografias envolvendo tanto a obra em sua feitura, quanto as particulari­dades da vida privada dos artistas. Algumas dessas edições biográficas trazem diários, cartas a amigos e irmãos; outras, os estudos que levaram a producao de determinados objetos artísticos auxiliando na verificação, por parte do leitor, de facetas da feitura da obra, elementos de sua composição, de cor, forma, etc. Ou, ainda outros que, colocando esses esbocos quase como obra encerada em si mesma, os conso­lida como auxiliares na manutenção do mito da inspiração na arte, da ideia primeira da genialidade do artista, a qual tern sido mantida pela mídia e pelo mercado de arte — que, por muito tempo, desconsi­deraram o valor genético do processo de criação.

Mas, devemos superar o olhar bucólico ou voyerista sobre esses documentos processuais. A investigação cientifica desses rastros da criação leva a verificação de que o processo criativo envolve faze­res e saberes que passam despercebidos ao grande publico, que tem contato somente com a obra final exposta ou impressa. Essa tem sido a meta dos pes­quisadores do processo de criação desde a década de 1960, quando Louis Hay e Almuth Gresillon começaram a estudar os rascunhos de escritores franceses e criaram a Crítica Genética, atualmente conhecida também como critica de processo. 0 foco desses es­tudos no Brasil concentra-se em São Paulo, em torno da PUC e da USP; porem, a partir de 2000, começaram a aparecer novos grupos de pesquisadores interessados nesse objeto investigativo.

Publicado: 10-11-2015

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