TRANSMASCULINIDADES E A FORMAÇÃO DE REDE COMO COGESTÃO DOS DADOS ON-LINE

CONVERSAS COMPARTILHADAS SOBRE GÊNERO E SUBJETIVIDADE NO FACEBOOK

Autores/as

  • Sérgio Rodrigo da Silva Ferreira Universidade Federal da Bahia

Palabras clave:

tecnologia digital, comunicação on-line, subjetividade, transmasculinidade, gênero

Resumen

Propomos relacionar o entendimento de si enquanto sujeito generificado de homens trans e sua relação com a tecnologia no processo de escrita de si na ambiência digital e de relacionar-se com o outro nesses espaços, levando em conta suas possibilidades técnicas. Objetiva-se apresentar os atravessamentos discursivos entre as negociações de se colocar como sujeito on-line possuidor de um gênero e ações de (des)indexação e gerenciamento de sociabilidades naquele ambiente digital. Por meio de conversas on-line (entrevistas semiestruturadas) com usuários transgêneros do Facebook é que se chega a um entendimento de passabilidade – ser lido como sujeito cisgênero (aquele que se identifica com o gênero que lhe foi atribuído) – e como ela articula os dispositivos do gênero na rede social. Assim são apontados como estratégia de gestão de dados a ocultação de fotos, exclusão de postagem por mudança de posicionamento, exclusão de perfil em rede social antes da transição, inclusive porque os sistemas não permitiam troca de nome, evitar ser fotografado, bloquear e excluir pessoas transfóbicas, escrita de texto pedindo respeito e controle de acesso aos conteúdos. Os resultados levam a processos de desindexação de dados dos resultados na busca de redes sociais online e negociações na cogestão dos limites da privacidade na qual procura-se constituir uma rede com pessoas de perfil similar em relação a opiniões e posicionamentos. Assim, temos homens que nos ambientes digitais vivem sua transgeneridade com pessoas que a respeitam nas quais o apagamento desse aspecto de suas vidas não se torna necessário.

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Publicado

25-02-2021