FLUXOS DO ARMÁRIO NO CINEMA CONTEMPORÂNEO BRASILEIRO

Autores

  • Tadeu Bousada Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
  • Erly Vieira Júnior Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Resumo

Entendendo o armário enquanto fenômeno que não só interpela as subjetividades individuais dos corpos LGBTQIA+, mas também está nos dispositivos de poder e controle presentes na topografia urbana – deflagrando relações e perfomances de gênero como lícitas e ilícias - é objetivo deste artigo divagar sobre tal regime de sociabilidade em três filmes do cinema contemporâneo brasileiro: Tatuagem (2013), Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014) e Tinta Bruta (2018). Em cada título foi feita a interconexão entre as narrativas e as epistemologias sociais do armário que lhes são convenientes, assim como pensar processos fílmicos dialógaveis com esses objetos. A título de exemplo, foi deduzido como a referida expressão se comporta ao ser apropriada por outras problemáticas minoritárias, caso da obra dirigida por Daniel Ribeiro (2014), onde o protagonista reivindica a sua identidade homoerótica e independência como portador de deficiência visual. Já na produção assinada por Hilton Lacerda (2013), esse armário pôde ser pensado através da oposição entre a instituição reguladora dos bons costumes morais (exército) e as subculturas do desejo em sociedades metropolitanas, representadas pelas figuras do artista efeminado e o soldado fanchono. Por fim, da película co-realizada por Filipe Matzembacher e Márcio Reolon (2018), referiu-se às noções de desorientação (Ahmed, 2002) presentes no deslocamento do personagem principal em relação a cidade-armário que por muitas vezes parece querer expulsá-lo e/ou coagí-lo.

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Biografia do Autor

Tadeu Bousada, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Mestrando do curso de Pós-graduação em Comunicação e Territorialidades da Universidade Federal do Espírito Santo (Póscom/UFES).

Erly Vieira Júnior, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Professor orientador - Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades da Universidade Federal do Espírito Santo (Póscom/UFES).

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Publicado

28-09-2020