INFECÇÕES NO TOKUSATSU
AS RELAÇÕES SIMBÓLICAS E VIRAIS DO HUMANO-MÁQUINA
Keywords:
Tokusatsu, Ficção Científica, Japão, Monstros, InfecçõesAbstract
O horror nem sempre vem à tona como um gênero fílmico – mas, também, como uma estética. Nesse caso, uma estética da doença. A mídia cinematográfica Tokusatsu, originado no Japão pós-guerra da década de 50 com o filme Gojira (1954), e, podendo ou não veicular horror em suas obras, possui suas origens atreladas aos horrores e as sequelas dos bombardeios atômicos. Este subprojeto possui o intuito de discutir sobre a relação doentia da humanidade para com a máquina, como ela (a humanidade) se transforma a partir da máquina e sua simbiose irreversível. As duas obras escolhidas para atestar isso são “Tetsuo: O Homem de Ferro” (1989) e “Kamen Rider” (1971), ambas retratando indivíduos modificados corporalmente contra sua vontade em entidades humano-máquina, acometidos por uma doença tecnológica incurável. Insuficientemente orgânicos para serem aceitos na sociedade e suficientemente orgânicos para não serem aceitos pelas máquinas – marginalizados por duas esferas sociais distintas. Busca-se mostrar a simbiose desses indivíduos humano-máquina não apenas como uma doença, mas como uma ferramenta metafórica de modificação para exemplificar, até certo ponto, uma representação imagética humana não héterocisnormativa, sua estigmatização por meio da sociedade e possibilidade de aceitação, seja do indivíduo ou do meio onde ele está inserido.
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References
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