JORNALISMO E MULHERES NA HISTÓRIA: AS CANGACEIRAS NO LIVRO SOBRE MARIA BONITA

Autores/as

  • Laís de Mello Rocio Universidade Federal do Espírito Santo
  • Rafael Paes Henriques Universidade Federal do Espírito Santo

Palabras clave:

Representação de mulheres, Mulheres na história, Jornalismo literário, Jornalismo feminista, Jornalismo e história

Resumen

Este estudo analisa a representação de mulheres em contextos históricos pelo jornalismo literário. Realizamos revisão teórica acerca da produção do conhecimento jornalístico, seu potencial de reconstrução de realidades históricas, articulando essa discussão com a teoria feminista e suas contextualizações sobre o silenciamento de mulheres no conhecimento tradicional da humanidade, bem como suas propostas de reformulações para modelos de racionalidade — presentes inclusive na produção jornalística — que contextualizem e politizem a experiência de mulheres historicamente. Em seguida, direcionamos tais reflexões e conceitos para a análise de enquadramento jornalístico do livro-reportagem “Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no Cangaço” (NEGREIROS, 2018), utilizando categorias de análise estabelecidas por Robert Entman (ENTMAN, 1993). Como resultados, indicamos parâmetros para retratar as vivências femininas considerando-as não mais como ‘específicas’ ou ‘subjetivas’ e sim como fontes de conhecimento e registro histórico legítimo, contextualizando os efeitos da desigualdade de gênero em fenômenos históricos como o do cangaço brasileiro, marcado pela inusitada presença de mulheres, associada de forma equivocada pelo senso comum à ideia de igualdade de gênero, mas que contou com diversas práticas de violência e dominação masculina omitidas nos registros históricos e midiáticos.

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Biografía del autor/a

Laís de Mello Rocio, Universidade Federal do Espírito Santo

Mestranda do curso de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades

Rafael Paes Henriques, Universidade Federal do Espírito Santo

Professor orientador - Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades da Universidade Federal do Espírito Santo (Póscom/UFES).

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Publicado

17-03-2022