A pesquisa na informalidade: narrativas etnográficas de um campo minado

Autores

  • Michelli de Souza Possmozer

Resumo

O objetivo deste artigo é compartilhar narrativas e percalços de uma pesquisa etnográfica, desenvolvida no decorrer de três meses, em uma comunidade de Vitória. Esse período é parte da pesquisa de campo que resultou na dissertação de mestrado “Tráfico de drogas: o mercado que adota crianças e não dispensa trabalhadores. Uma experiência etnográfica no município de Vitória1”. A metodologia empregada foi a etnografia, com uso da observação no contexto de grupos criminosos, além de outras técnicas de pesquisa, como entrevistas e diários de campo, com base em Zaluar (2009). Ao descrever as narrativas de um campo minado, tendo em vista os potenciais riscos ao pesquisador, pretendo destacar as particularidades encontradas diante de um universo marcado pela informalidade: as incertezas, as relações de troca e uma assertividade em participar do estudo que não pode ser formalizada. Diante do aspecto predominantemente informal do campo, o paradigma indiciário (GINZBURG, 1989) foi fundamental para que eu percebesse as pistas, os indícios e os sinais, a fim de um melhor direcionamento e flexibilização no uso dos procedimentos metodológicos, sem, no entanto, perder o caráter científico. Os resultados dessa breve experiência etnográfica revelam a inadequação do uso do gravador em muitas situações, sobretudo diante de entrevistados ligados ao tráfico de drogas, bem como a impossibilidade de se aplicar o termo de consentimento, de modo que até mesmo indagar um traficante sobre a aceitação do mesmo poderia inviabilizar a pesquisa empírica.

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Seção

Instituições, participação e políticas públicas